sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Remar na Incerteza


Ventos fortes se fazem sentir.
Fustigando o meu corpo.
Acompanhados pela dura e fria chuva que teima em me deixar molhado.
Como se não bastasse, este véu branco que é o nevoeiro não me permito ver por onde navego.

Já não me lembro há quanto tempo remo.
E tão pouco sei para onde estou a ir.
Mas sei bem aonde quero chegar.
Dói-me os braços, tenho poucas forças e pouco alimento para continuar.
Mas ainda me guio pela força de espírito e pela força de vontade.
Vontade para usar as forças que me restam e remar.
Remar na tua direcção.

Sinto-me cego no meio desta neblina, debaixo desta chuvada.
Remando contra ventos e correntes.
Procurando por um sinal teu.

Talvez esteja a pedir muito, talvez seja uma fantasia estúpida.
De olhar subitamente para cima e de ver um farol e a sua luz ligada.
De remar até ele e encontrar-te na praia, me esperando.
Mas é pedir muito, demasiado e até mesmo exagerado.

Pois sei bem o quão aventureira tu és.
E sei que não és de ficar numa praia, num farol, simplesmente esperando.
Sei que nesta altura estarás num oceano qualquer, algures a remar.
À procura de um tesouro numa ilha enterrado.

Eu também partilho dessa ambição.
De um dia encontrar um tesouro.
Mas não procuro jóias ou ouro.
Apenas procuro o caminho para o teu coração.

Ambos sabemos que não gostas de adrenalina.
E que gostas e preferes remar devagarinho.
Apreciando a viagem em si, calma e tranquilamente,
Sem qualquer ajuda, empurrão ou puxão.

Recusas que te procure e navegas apenas à noite.
Sempre longe e distante do meu olhar.
E insistes sempre em não te procurar.
Pois um dia havemos de nos encontrar.

Pouco a pouco nos vamos aproximar.
Pouco a pouco nos vamos deixar navegar.
Pouco nos vamos deixando tocar.
Pouco a pouco nos vamos deixando apaixonar.

Mas sempre que te vejo no meu horizonte.
Dificilmente contenho o meu entusiasmo.
E viro a minha embarcação na tua direcção.
E hesitas e te arrependes, desaparecendo por entre marés e ventos.
Não deixando rasto.

Então escrevo-te este pergaminho e o lanço ao mar.
Na esperança de chegar até ti.
Vou ficar aqui nesta pequena ilha que encontrei.
E vou aguardar a tua chegada encostado a esta palmeira.

Engraçado, uma palmeira a fazer de farol...
E vou escrevendo e desejando por ti.
Pensando em memórias distantes e futuras.
Enquanto espero pela chegada do teu barco.

Que tu saias do teu barco.
Da tua zona de conforto.
E avances na minha direcção.
Querendo, desejando ter de mim algo mais.
Que no fundo decidas...

...Remar comigo...
Na incerteza do futuro e do mar.
Mas com a certeza que juntos tudo iremos enfrentar.
E que seremos sempre felizes juntos.

Não carregados de jóias e ouro.
Mas do nosso maior tesouro:
O coração de cada um de nós.
Que se tornará num só.
Ao baterem em sincronia com o som das ondas do mar

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