Então vou percorrendo as mesmas ruas e os mesmos jardins sozinho onde outrora os percorri contigo. Conheço tão bem esta zona como a palma da minha mão e cada passo é uma facada cravada fundo no meu coração.
Mas tenho de continuar a me empurrar, obrigar-me a enfrentar a dor e superá-la. Superar a ti. E vacinado com essa força de vontade, vou-me deslocando por aqui e vou cada vez menos sentido dor. Vou cada vez mais sorrindo e esquecendo todos os sítios onde passámos, tudo o que falámos e efectuámos.
Tudo me começa a parecer estranho, distante e desconhecido. Sinto-me inseguro e decido voltar para casa e e enquanto atravesso a passadeira à entrada da estação ferroviária, dou de caras contigo. E subitamente, todo o meu mundo gelou e parou.
Reconheceste-me imediatamente mas fingiste que não me conhecias, enquanto começavas a atravessar a passadeira de mão dada com o outro com quem escolheste passar o resto da tua vida, entre sorrisos e conversa.
Ainda pensei em te falar mas qualquer resposta tua só me iria magoar. Quis continuar a andar mas estava paralisado e não pude evitar sentir o teu perfume favorito no ar, ao passares rente a mim. Virei a cara para ti mas tu inclinaste-te para ele e trocaram um beijo a dois passos de distância de mim.
E por dentro, fez-se silêncio. Só se escutava o som do meu próprio coração a voltar-se a quebrar. Ali verti uma lágrima. Ouvi-te chamares por mim, dizeres o meu nome. Ignorei mas gritaste. Olhei para ti aflita e reparei no semáforo verde. Ouvi a buzina do autocarro e o som do travão, mas àquela distância já não ia tempo de me desviar ou do autocarro parar.
E fez-se silêncio e noite.... Frio percorria-me o corpo mas deixei-me ali ficar no chão, deixando de ouvir e do meu coração sentir, fechando os olhos e deixando-me adormecer. Boa noite....
E fez-se silêncio e noite.... Frio percorria-me o corpo mas deixei-me ali ficar no chão, deixando de ouvir e do meu coração sentir, fechando os olhos e deixando-me adormecer. Boa noite....

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