sábado, 14 de novembro de 2015

2H da Manhã


Eu acordo sobressaltado.
Recebo uma chamada às 2h da manhã.
Meio a dormir procuro o telemóvel.
Mas encontra-se enrolado pelos cobertores.
E acabo por o atirar da cama para o chão.

Lá ganho coragem e acendo a luz.
E enquanto eu volto a tentar me habituar à luz.
O telemóvel volta a tocar uma segunda vez.
Lá o pego e tento ver quem me liga.

Mas o ecrã mantém-se preto.
E não me mostra quem está do outro lado da linha.
Penso em não atender.
Tenho sono, quero é dormir.
Se for urgente, que ligue amanhã.

Mas tenho medo que seja urgente.
E decido atender.
E oiço a tua voz, outra vez.
E arrependo-me de ter atendido.

Não sei se andaste a ouvir isto:
Ou se simplesmente te apeteceu.
Dizes que tens saudades minhas.
Dizes que mudaste e queres arriscar.

Mas eu não confio em ti.
Eu já te esqueci há muitos muitos anos.
E tenho o teu número apagado.
E facebook bloqueado.

Mas eu sei o teu número de cor.
E acredito em ti, quando dizes que mudaste.
Acredito que podemos ser amigos.
Mas tu voltas a magoar-me e eu volto a ignorar-te.

Até que tu decidas ligar de novo.
Pois sabes que atenderei e te falarei.
Sabes que por muito mal que me faças.
Irei sempre aqui estar para te colocar um sorriso na cara.

Mas esse é o meu defeito.
Preocupar-me com todos, a toda a hora.
Mesmo quem não (me) mereça.
Mesmo sendo duas da manhã.

E calmamente adormeço.
Mas com o telemóvel perto.
Esperando a tua chamada.
Mesmo que esteja chateado contigo e que te odeie.
Ainda me preocupo contigo e sempre atenderei a chamada.

Foste a pior coisa que me aconteceu.
Dei-te tudo e tu traíste-me.
Quis resolver as coisas.
Mas continuaste a magoar-me.

E decidi na altura esquecer-te.
E destruir tudo que me lembrasse de ti.
Mas não conseguirei esquecer nunca.
O teu número de telemóvel.

Então habituei-me a ter o sono leve.
E a esperar uma chamada tua.
E por muita vontade que tenha de te mandar dar uma curva.
Engulo o orgulho, atendo e digo: boa noite.

Mas desejo que nunca mais me ligues.
Que nunca mais te lembres de mim.
Que ao passarmos pela rua.
Nenhum reconheça o outro.

E vou assim esperando isso de ti.
A única coisa que peço de ti.
Mas por muito mal que tenha feito.
Espero que sejas feliz.

E por muito que quero que te esqueças de mim.
Sabes que te vou sempre atender a chamada.
E falarmos pela noite dentro.
Mas isso um dia irá acabar.

Quando eu finalmente me perdoar.
Do facto de alguma vez te quis amar.
E quando eu aprender de mim gostar.
Vou finalmente alguém encontrar.

Alguém com quem a minha felicidade possa partilhar.
E todo o meu tempo e amor possa entregar.
E saberei que ela me irá sempre amar.
Quando tu me quiseres ligar.
E ela comigo estiver uma cama a partilhar.

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