Sou um falhado. Um erro andante. Eu bem tento e me esforço.
Mas acabo por não cumprir. Apenas sei desiludir.
Muitas vezes ainda não tinha começado e já estava acabado, quase predestinado ao fracasso.
E mesmo assim lá tentava, subir aquela montanha íngreme e dolorosa.
Mas acabava por perder as forças e vir a cair em queda livre até ao chão.
Mas acabava por perder as forças e vir a cair em queda livre até ao chão.
E ali ficava na maioria do tempo, estendido e imóvel.
Apenas acompanhado pela dor que percorria todos os cantos do meu corpo.
Mas eu teimava em não ficar muito tempo no solo.
Esforçava-me dolorosamente para me levantar e voltar a tentar escalar a montanha.
Sabia que iria cair de novo mas ignorava o meu bom senso e voltava a tentar.
Voltava a escalar e apesar do meu corpo suplicar por clemência, eu ignorava e subia.
Inevitavelmente cairia de novo mas tinha de tentar.
Tinha de chegar lá acima e provar que sou capaz.
Provar a mim mesmo que era possível alcançar o topo.
Provar a mim mesmo que era possível alcançar o topo.
Porquê o topo? Porque é onde ela estava.
E por muitas montanhas que já tenha tentado subir e conquistado.
Não ficava muito tempo lá em cima, pois não era feliz.
Era demasiado fácil e não parecia justo alcançar tão pouco.
Quis mais e melhor e encontrei-la. Mas custava a subir e facilmente caía sempre.
E enquanto estou aqui no chão estendido de novo, penso se não seria mais fácil desistir.
Cada vez que caio, cada osso que parto, é um sinal de que devia cuidar de mim.
Mas eu não sei tomar conta de mim, só dos outros.
E então eu penso que a montanha nunca me irá amar. Nunca me permitirá chegar ao cimo dela.
Então eu espero que a próxima queda seja fatal.
Que caia e me parta aos pedaços e não sinta mais dor.
Mas por muito que seduza a morte, ela recusa-se a vir ao meu encontro.
Nem a morte me ama. Mas parece um sinal claro que tudo tem o seu tempo.
E o meu há-de chegar.
Mas até lá, vou-me levantar do chão, limpar a cara e tentar subir de novo a montanha.
Mas até lá, vou-me levantar do chão, limpar a cara e tentar subir de novo a montanha.
Pode ser que desta vez te conquiste e suba a montanha.
Pode ser que escorregue e morra na queda.
Mas recuso-me a ficar no chão e desistir.
Hei-de tentar e lutar até ao fim. Hoje, Amanhã. Sempre.

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