Tenho de ser
honesto convosco. Eu nasci contra os desejos da Natureza e por isso, vivo uma
vida contrária à vossa. Vocês querem ser felizes mas eu sinto uma falta enorme
de me sentir triste. Noutra altura contarei a minha vida. Agora é só esta pequena
parte, mais sentimental e (demasiado) racional.
Minha vida sempre
foi simples: casa-escola/trabalho-amigos-casa-dormir-repetir. Mas tudo mudou
quando a adolescência atacou-me e com ela, comecei a sentir um certo desejo de
acrescentar um passo a esta rotina: uma namorada. E deixem-me dizer-vos que foi
uma óptima decisão . . . nos primeiros dias. Depois tornou-se uma
maldição.
Como toda a gente
ao início, escolhemos as pessoas erradas para nos apaixonarmos e claro que
vivemos um amor na nossa cabeça que nunca será retribuído. Mas passado esses
tempos iniciais de remates ao lado, encontramos alguém que também sente o mesmo
por nós. E somos felizes aos beijos, mãos dadas, apalpões e outras tantas
coisas. Entregamo-nos ao máximo, totalmente e somos capazes de nos atirarmos de
um precipicío para dentro de um mar tempestuoso, sem receio e carregados de
almofadas sentimentais. Mas depois nesses saltos, as almofadas desaparecem e
ficamos solteiros.
Ficamos sem saber
como viver a nossa vida, porque provámos do doce néctar do amor e esquecemo-nos
de como viver a vida de solteiros. E quando parece que já voltámos a colocar a
vida nos eixos, lá vem o Cupido e lá nos aponta na direcção daquela morena do
outro lado da rua. Olhamos desconfiados mas a relação ocorre naturalmente e de
forma diferente à anterior e pensamos por um momento que vamos ser felizes. E
enquanto pensamos, lá está a moça a enviar a sms a acabar connosco e partir o
nosso coração.
E lá voltamos à
estaca zero, no nosso pequeno recanto escuro e húmido, onde nos escondemos do
Cupido e das suas setas azaradas. Começamos a desprezar o amor e aprendemos
técnicas ninja para nos desviarmos de futuros ataques amorosos. E como estamos
a tentar reequilibrar a nossa vida, o destino faz-nos deixar cair tudo (amigos,
escola, família) e apresenta-nos outra mulher que milagrosamente nos cola o
coração e nos ajuda a reconstruir a nossa vida. E claro, lá caímos outra vez na
espargata e ficamos no limbo. Entre a alegria momentânea e a tristeza
permanente. Mas talvez seja só eu. Porque sou incapaz de amar sem pensar. Incapaz
de amar sem entregar-me a 100%. Incapaz de amar sem sofrer. E sendo assim, sou
contrário à Natureza: amo para entristecer-me, chorar e sofrer.
Agora estou a aprender
a amar aos poucos e ir devagarinho nesses passos e quem sabe, se a próxima
rapariga não ficará comigo para sempre. Até que a morte nos separe.
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