Faço um esforço sem abrir os olhos mas continua imóvel, oferecendo resistência.
Abri os olhos e vejo um vulto branco ao fundo da cama. Calafrios descem pela minha espinha enquanto o vulto se aproxima. Tento gritar mas rapidamente me silencia a voz com a sua mão branca.
Não me consigo mexer e tenho medo de fazer um movimento em falso e ali sofrer. Apenas fico observando o vulto a um passo de distância mas ele parece sereno. Tento ver a cara dele pelo meio daquele longo cabelo mas retira-me a mão na boca e gesticula para me levantar.
Entre o medo e a adrenalina, lá me levanto. O vulto afasta o cabelo e vejo-la. Apesar de branca como o açúcar, mantém a sua postura e beleza doce que sempre tivera. Vejo-lhe um sorriso e ela afasta-se. Instintivamente lhe seguro o braço. Ela pára e vira-se para mim. Ela volta a sorrir enquanto nos fitamos nos olhares.
Decido aproximar-me e acariciar-lhe o cabelo e o rosto e sinto-lhe a cara fria a aquecer. Vejo nela aquele seu brilho no olhar, que sempre me cativou. Inclino-me para ela mas ela afasta-se em direcção à janela aberta. Por entre os cortinados que estão esvoaçando, perco-la de vista.
Mas oiço a sua voz a dizer-me que um dia talvez nos vejamos e sinto um beijo na cara. Sinto-lhe também as suas lágrimas a correrem pelo meu rosto e assim que me aproximo da janela, ela fecha-se abruptamente e sou atirado para a cama. Acordo mas não sei se sonhei ou se foi real a fantasia.
Mas sinto o seu doce aroma nos cortinados, ao abrir a janela e sorrio. Sei que não a vi verdadeiramente até agora mas sei que um dia a verei e poderei estar com ela. E aí, não me importarei de sonhar acordado e voar pela janela fora com ela, em direcção às estrelas...

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