Bem, talvez seja disto que irei sentir ais falta agora que o Verão acabou. Disto e dos morangos açucarados e o melão ao fim de tarde.
Mas cerejas sempre me incomodaram, pela sua bonita inocência.
Iam sempre em pares, nunca se deixavam separar até à hora em que comíamos uma.
Era sempre uma escolha tão difícil: qual era a primeira a ser comida.
Era a que era das duas menos vermelha?
Era a que era das duas mais pequena?
Era a que era das duas mais fora de validade?
Enfim, tantas dúvidas que muitas vezes dei por mim a comer o par como se fosse um só.
Mas na vida nem sempre podemos ser gulosos. Temos de fazer escolhas e muitas delas são como este pequeno exemplo: qual a cereja que se come primeiro? A da esquerda porque é mais vermelha? Ou a da direita porque é maior em tamanho?
Mas pensamos sempre que quando comemos uma, vamos poder comer a outra em seguida.
Mas nem sempre é assim, porque surgem imprevistos (dividir o par com o irmão mais novo).
Na vida acontece igual (mas a justificação não é sempre o meu irmão mais novo):
Temos duas opções que em teoria parecem coexistir e combinar mas, devido a forças alheias, deparamo-nos com situações em que temos ambas e passamos a poder escolher só uma.
Aí escolhemos como?
Pela mais bonita?
Mais vermelha?
Pela maior?
Pela mais brilhante?
E temos de tomar uma decisão que pode ser boa ou má, que nos afecta a curto ou longo prazo.
Porque imaginem que nos davam um par de cerejas (como na imagem) mas diziam que numa delas foi injectado laxantes e nós tínhamos de dividir o par com alguém que gostamos e comer.
Vamos procurar não errar e escolher a melhor para nós. Mas também não queremos que a outra pessoa sofra.
Então procuramos a pior. Mas a outra pessoa pensará de igual forma.
E mesmo que a deixemos escolher, lá bem no fundo ansiamos que eles façam a escolha errada e que sejam eles a passar o tempo na casa-de-banho.
Como somos egoístas e gulosos, fingimos mais nada ver e escolher o melhor para nós.
Nas vossas vidas não sei, mas quando tenho uma escolha de "cerejas" a fazer, adio a decisão até à última e espero que escolham por mim, mas esperando que no fim corra tudo bem para mim. Não é que seja de prejudicar ninguém mas prefiro ter feito a escolha certa do que vir a arrepender-me de não ter escolhido a cereja certa.
Resumidamente, escolham a cereja que mais vos agrada e sejam egoístas de vez em quando. E quando digo cerejas, digo opções do dia-a-dia.
Porque é preferível escolher mal do que deixar alguém escolher por nós e levar a melhor opção com ele, quando lá no fundo, queríamos escolher essa desde o início.
Cerejas, até ao próximo Verão.
Olá Castanhas. Cá nos voltamos a encontrar.
FELIZ OUTONO!

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