domingo, 6 de setembro de 2015

Orgasmo Lírico

Bem, mais um pedido, mais um texto.

Hoje trago-vos um tema mais difícil mas vou tentar fazer o melhor que posso para não vos desiludir.
Aqui vai:

Quando se começa a ganhar fama, de ficarmos conhecidos pelos nossos talentos, é uma sensação mista que temos.
Por um lado, ficamos felizes por sermos reconhecidos pelo nosso trabalho mas por outro, não procuramos essa atenção (em metade dos casos, onde eu me incluo).

Falando do meu caso, escrevo porque me permite falar de tudo sem falar de nada, sentir tudo sem sentir nada e sonhar com tudo sem ter de adormecer.
Permite-me passar para o papel o que me vai na alma, no coração, na mente, enfim, o que vai em mim.
E não falo se matéria orgânica mas sim intelectual.

Elogiam-me pelos meus textos e dão-me novas ideias. Permite-me ampliar sentimentos e re-olhar para os textos e vê-los da perspectiva de um fã e não do escritor. pois sendo eu honesto, quando escrevo, desligo-me de tudo. Do que se passa fora e do que se passa dentro de mim. Quando pego na folha e a rabisco, vejo-me muitas vezes atirado para o banco de trás e observo apenas o que as minhas mãos escrevem, sem qualquer controlo e ordem minhas. E sinceramente, não quero retomar controlo. Quero poder gozar a viagem que me faço tomar e ver as palavras e frases a formarem-se como se fosse uma viagem de auto-descoberta minha do caminho em si.

Todos queremos ir a algum lado mas preferimos ver o caminho em si, do que o destino.
Queremos saber o que há no meio do A e B.
Eu digo-vos o que há: Há Tudo!

Tudo pode haver no meio destes caminhos. Pode haver pessoas, locais, sentimentos, palavras, gestos, animais, pensamentos e tantas outras coisas, que torna os nossos caminhos únicos.
E aqui as escrevo.
Nunca me vi com o objectivo de escrever A e chegar a B.
Vi-me com a vontade de escrever o que há entre A e B e como chegar de um lado ao outro.
E muitas vezes, sinto-me em paz quando escrevo. Posso sentir felicidade, tristeza, raiva, angústia, dor e surpresa mas no final, sinto paz. E é neste cocktail de emoções que me faz parecer ter um "orgasmo lírico", pois assim como muitos de vós já tiveram relações, facilmente me vão entender: Há a parte da descoberta da outra pessoa, dos passeios, dos gestos, das palavras e tudo para chegar ao quarto e voltar a descobrir a pessoa e sentir tudo naqueles momentos íntimos. E é o que sinto quando escrevo. Uma intimidade só minha com o papel, onde me entrego a ele e juntos fazemos uma boa dupla e onde acabamos ambos em paz e satisfeitos.

Uma vez disseram-me que provoquei também orgasmos com estes textos, orgasmos líricos.
Ao início, ri-me e achei exagerado mas nos dias seguintes, ao reler os meus textos, percebi o quanto tinha razão a pessoa.
Porque são textos vindos da alma e preenchidos com o coração, onde despertam todos os sentimentos possíveis e que nos levam numa viagem sem fim aparente à vista.
Mas ao ver isso, pensei que fosse egoísta não me mostrar a vós e aos meus textos.
E aqui os partilho, para que todos possam participar nesta viagem de auto-descoberta.
Somos todos bons em algo que fazemos e todos temos prazer nisso.
Eu tenho esse prazer lírico e há quem tenha prazer desportivo, prazer amigável, prazer familiar, e outros tantos.

Todos temos a capacidade te sermos felizes e termos algo e alguém a que(m) nos podemos entregar e ser nós mesmos, sem correntes, barreiras e travões. E sermos nós mesmos e termos prazer.
Porque o que nos trás a felicidade é esse prazer e esse prazer começa com um orgasmo.

Um bem-haja a todos.

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