Quem sente orgulho em si, é feliz. Nada de errado com isso.
Quem é orgulhoso, não é boa gente.
E a fronteira entre ambos praticamente não existe, é tudo uma questão de contexto.
Porque uma coisa é ter orgulho em algo, outra é não fazer algo devido ao orgulho.
Isso não é amor próprio, é não ter medo.
A ausência de medo não é uma característica humana. Qualquer pessoa tem medo. Seja de aranhas, de (cair de grandes) alturas, da morte, etc. Mas alguém demonstrar que não sente medo não é alguém.
Todos temos medo, até de amar. De sermos amados. De sermos rejeitados. Há quem lide melhor com isso, que pega no medo e o transforma em adrenalina e diverte-se. E há quem, como eu, se esconda do medo, cerre os punhos e olhos e espero que o medo abandone o local.
Mas o medo fica lá sempre. E é tão mais fácil ficarmos na zona de conforto do que arriscar sermos felizes.
Pois entre a nossa zona de conforto e a felicidade há um abismo (no meu caso sem fundo porque tenho de cair de grandes alturas) e a única maneira de atrevessar é por um ponte de corda e madeira já velha e partida partes desfeitas, onde range, abana-se ao sabor do vento e parece que pode cair a qualquer momento com o peso de um saco de arroz do supermercado local (não há cá publicidades).
E quem é feliz é quem consegue enfrentar os seus medos. Com mais força de vontade que o habitual ou mesmo com ajuda de alguém, atravessando consegue-se ser feliz. Mas o medo daquele percurso nos impede de ir.
E o orgulho é achar que somos superiores, não temos medo, a felicidade é que tem medo e deve ser ela a atravessar a ponte e vir ter connosco à nossa área de conforto. Ninguém sabe o tamanho da ponte que tem. Pode ser uma ponte que demora anos a atravessar. E quanto maior a ponte, maior o medo em querer atravessá-la. Até podemos ir ganhando confiança a meio caminho mas alguém pode estar na fila lá atrás e começar a atravessar e a ponte começar a ceder.
Então agarram-se ao orgulho e saem da fila. Não deixam ninguém avançar na fila mas não avança, fica ali, ordenando que o Senhor Felicidade faça a travessia.
Isso não existe. Nenhuma felicidade vem sem medo ou esforço. Ninguém do nada deixa de ter medo e está feliz. Há muito que se passa no meio, inclusive dar um pontapé no traseiro do orgulho e abraçar o medo e empurrá-lo pela ponte fora até chegar ao outro lado.
Nunca deixem o orgulho levar a melhor. É preferível ter orgulho em enfrentar o medo pela felicidade do que aceitar o orgulho e ficar parado esperando. Pois a felicidade está ali, como de repente pode não esperar mais.
Sejam felizes.
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