
Desculpa meu amigo.
Mas não vou poder ir.
Sei que é um dos dias mais felizes da tua vida e será um dia partilhado com quem mais te quer bem.
Mas não vou poder ir.
Sei o quanto gostavas que eu fosse e fizesse testemunho desta tua etapa.
Mas não vou poder ir.
Sei que insististe e todo o mundo embirra para eu ir.
Mas não vou poder ir.
Não é que esteja ocupado nesse dia.
Até estarei livre.
Apenas ambos sabemos o porquê.
O motivo é o mesmo que o da última vez.
A minha desistência face à tua insistência prende-se com ela.
Essa mesmo que tu estás a pensar.
Sim, eu sei.
Já passou um ano, até mais uns meses.
Mas não quero.
Mentalmente imagino-me a ir abaixo se a reconhecer.
Sei que já foi há muito tempo mas não sou capaz da ver tão próximo de mim.
Corrijo, não sou capaz da ver.
Nem ouvir ou sentir qualquer outro sentido que o ser humano possui.
E muito menos serei capaz da ver nos braços e nos lábios do outro.
Não consigo lidar com isso.
E para evitar ter da evitar e criar mau ambiente no teu dia mais importante, eu faltarei.
Não irei sair a meio da cerimónia nem antes.
Simplesmente não irei.
Estou a ser egoísta e a privar-te da nossa amizade e da minha companhia.
Mas ambos sabemos como eu sou casmurro e como me deixo prender ao passado e às memórias.
Sei que será uma festa de arromba rodeada de caras familiares e muita diversão.
Quem seria eu então para te privar disso?
Não quero que a deixes de convidar.
É tua amiga e conheces-a há mais tempo que a mim.
Eu é que estou a mais e também tenho de cumprir a promessa que fiz a ela.
Prometi-lhe que nunca mais saberia de mim.
Que eu desapareceria do mapa.
Nem chamadas, nem mensagens, nem novidades, nem nada.
Seria um fantasma.
Sei que é falso, pois temos-te a ti como amigo em comum e sei que falarás com ela e contarás tudo.
Portanto parte deste texto é para ela também.
É uma carta de felicidade e despedida.
Felicidades para ambos mas despeço-me aqui.
Não sei o que o futuro nos reserva mas enquanto puder, evitarei ela e com sorte, os nossos caminhos jamais se cruzarão.
Claro, um dia te casarás e ambos estaremos lá.
Um dia baptizarás os teus filhos e ambos estaremos lá.
Um dia será um funeral teu ou importante para ti e ambos estaremos lá.
As únicas excepções mas fora elas, vou estar sempre à distância.
Quanto a ti meu caro, sei que estás a ler isto atentamente.
Espero que tenhas compaixão para comigo e que um dia, me perdoes.
Desculpa meu amigo.
Mas não vou poder ir.
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