terça-feira, 5 de abril de 2016

Guerreiro do Mini Machado


Se há algo que adio para o mais tarde possível será sempre o fazer a barba.
Eu gosto de me ver com barba e sem ela, pareço um miúdo de treze anos que acabou do quarto, com legos espalhados pelo chão e onde se misturam bonecos do DragonBall com animais de quinta e carros telecomandados (nostalgia, nostalgia...).

Mas apesar da barba ficar-me bem e fazer-me sentir mais másculo e sensual, é sempre um terror fazer este arbusto facial e voltar a ficar com a aparência jovial de um miúdo que foi para a cama sem escovar os dentes.

Sei que ficava muito melhor de barba aparada do que sem barba alguma mas não tenho máquina de barbear e sinceramente, prefiro preguiçosamente fazer toda a barba do que ir comprar a máquina (Hei-de ir um dia comprá-la, um dia...).

Portanto, faço a barba com recurso da lâmina de barbear que é mais prático, uma vez que as lâminas parecem nascer nesta casa. Deve haver uma "laminoeira" algures num dos muitos vasos da minha mãe mas não me aventuro a entrar nessa floresta ainda.

Mas tem uma enorme desvantagem: sendo lâmina, tenho de ter o enorme cuidado em barbear-me e ... pronto, lá foi outro pedaço de pele. Sinto a pequena incisão e por muito que recue lentamente, o mal está feito.

Entre uma cara de barba meio feita e espuma de barbear, lá pinto a minha face com o vermelho acastanhado do sangue que brota daquela ferida. E por momentos, parece que vou para a guerra, uma vez que já tenho o rosto pronto para tal, de tronco nu e arma na mão (sendo a arma, uma gillette).

É estúpido, pois já tenho idade para ter juízo e fazer a barba com calma, mesmo à lâmina. Mas como tenho sempre pressa e guardo sempre para a última da hora, lá tento fazer a barba em dez minutos, ao som de rock e metal, o que por vezes contribuo com uma cantoria que os vizinhos dispensam e por uns abanões de cabeça que provocam mais alguns cortes.

Bem, lá vou sair de casa após um breve encontro com o Freddy Krugger ou com o Logan Wolverine mas enfim. Não sinto vergonha nenhuma em fazer a barba à lâmina e toda e qualquer cicatriz e corte é sinal da cara de um guerreiro que enfrentou batalhas e guerras e que as venceu (mesmo sendo elas no recanto da divisão onde tomamos duche e fazemos outras necessidades).

E desta vez, venci a barba. Talvez um dia vença a preguiça e compre a maldita máquina de barbear.
Até lá, lá vou mantendo um acordo de tréguas e paz com a barba e manterei guardado o meu machado de guerra.

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