Cheguei a casa e continua vazia.
Uma casa escura onde antes havia luz de alegria.
O pó não limpo mostra espaços onde tinha os teus retratos.
Agora apenas espaços vazios, tal como o que deixaste em mim.
Continuo acorrentado a uma dor.
Não consigo me livrar de ti em casa.
Mas não consigo voltar a relembrar-me de ti.
E continua a ser tortura, uma tortura quase rotineira.
Custa-me mais os dias inteiros que estou só em casa.
Quando antes eram preenchidos com os teus (sor)risos.
Ou mesmo quando decidíamos ir passear.
Agora, apenas o escuro me preenche esse sentimento de completo.
Não serve, não chega, não devia o ter.
Mas é o que me deixaste.
Levaste o meu sorriso e alegria.
Deixaste-me entregue à minha tristeza e monotonia.
Fizeste o melhor para ti, eu percebo.
Mas dói na mesma. Dói teres-me rasgado essa alegria.
Alegria que já era parte do meu ser.
E tu decidiste arrancá-la e levá-la contigo, deixando-me adoecer.
Continuo a fazer a minha vida.
Mas por vezes a minha mente se refugia nas (nossas) memórias.
E eu sinto-me fraco demais para resistir.
Para sair de um pensamento, um mundo, onde eu fora feliz.
Mas a minha mente leva a melhor no fim.
E eu sofro um choque de realidade.
A realidade de que nunca mais irás por aquela porta entrar.
E eu mantenho-me na cama, no escuro, no sossego, respirando...
Sei que te esqueci, que nunca mais te irei amar.
Mas não te consigo apagar totalmente de mim.
Posso-me lavar vezes e vezes sem conta.
Que o teu cheiro na minha roupa e em mim irá sempre permanecer.
Desfiz-me de tudo o que tínhamos.
Mas sem coragem para os destruir.
Talvez por ter sido feliz contigo.
Ou por ser demasiado fraco para tal.
Então deixo tudo como está.
Assim como me mantenho assim.
Com certeza de que um dia irei voltar a amar.
Mas ambos sabemos que de ti, nunca irei deixar de gostar.

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