segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Limpeza Laboral

Sabem qual o pior defeito de uma pessoa?
Hipocrisia.

Infelizmente todos temos quota parte disso da qual não podemos escapar.
No entanto há quem use e abuse desse privilégio.


Entra em cena o trabalho.
Espaço onde passamos um terço dos nossos dias (ou mais para algumas pessoas, heróis e heroínas sujeitas a tremenda pressão) só para podermos uns trocos onde sobrevivemos mais um mês.


Admito, apesar de licenciado, sei que serão tempos difíceis quando sair de casa mas serão tempos de aprendizagem e auto satisfação pessoal e um novo passo no caminho certo para o meu futuro.

Voltando atrás, ao tema de hoje, quando falo em limpezas, não falo varrer o chão, limpar secretárias, lavar os vidros das janelas, mudar lâmpadas ou mesmo lavar a loiça de chávenas de cafés e copos de leite que aqui se usam.

Falo numa limpeza de mentalidades. Eu admito que não sou o trabalhador perfeito. Aliás poucos o são, pois nunca seremos robots nas empresas, onde entramos, trabalho trabalho trabalho, saímos e no dia seguinte repetimos. Para enorme frustração dos nossos patrões e patroas. 

Aqui falo alio uma questão de mentes. Vou dar o meu exemplo prático. Quando assinei contrato, informei que era responsável por uma equipa de futsal local, onde trocaria muitas sms e chamadas com membros do clube, de outros clubes e da própria Câmara Municipal e Junta de Freguesia. Aceitaram tal facto pois todos podem usar o telemóvel pessoal quando querem, desde que seja o mínimo possível e que o trabalho seja feito sempre em primeiro lugar, a tempo e horas.

Nunca deixei o trabalho por fazer para responder a uma mensagem ou chamada. Sempre fiz o trabalho primeiro. E como em qualquer trabalho, há alturas mortas. Nessas alturas, como os restantes colegas, aproveito para tratar desses assuntos de foro mais pessoal.

Mas infelizmente, eu estou numa situação de vigilância máxima:
(Ignorando a minha capacidade para desenho abstracto)



Como podem ver, o meu chefe de secção do seu lugar consegue ver perfeitamente o que estou a fazer, se estou no telemóvel, se estou a ver algo não relacionado com o trabalho no computador, se estou a escrever em papel ele pergunta o que estou fazendo e quer que mostre, se não assume que é nada relacionado com o trabalho.

Há dias ele viu-me ao telemóvel e deu-me um raspanete aos gritos e eu ainda comecei a defender-me e disse que nada tinha para fazer e ele ficou frustrado porque nada me tinha para dar a fazer mas não me queria ao telemóvel. Tanto que nunca mais tive.
Comportamento correcto da minha parte em corrigir.
Comportamento correcto em ele chamar à atenção, embora discorde da forma como ele fez estupidamente. Fazia lembrar uma cena do planeta dos macacos.

Mas qual o problema então?
O problema é que ele diz que não vê mais ninguém ao telemóvel nem a fazer coisas não produtivos ou relevantes ao emprego, quando toda a gente quando nada tem a fazer está nos jornais desportivos informáticos, em sites de moda e roupa online e até mesmo o chefe passa o dia em chamadas pessoais, a perguntar aos amigos o que têm feito e etc...

Ainda mais me custou quando ele deu-me na cabeça por estar ao telemóvel e logo a seguir sentou-se e passou a seguinte hora e vinte em chamadas e sms pessoais, a rir-se alto e a recusar dar atenção aos subordinados que tinham dúvidas. O que me irrita solenemente é que querem  respeito e não se dão ao respeito. E o argumento de "Eu sou chefe, tu és subordinado, tu fazes o que mando e acabou" é errado quando facilmente se desarma com "O exemplo vem de cima, logo se copiar o chefe, só estou a fazer o correcto". Ficam piores que estragados e não se podem queixar ou mandar embora porque então aplica-se o mesmo a eles. 

Então fazem da vida de quem lhes faz frente num Inferno. Não dão trabalho de propósito, só para ver se cai-se na asneira de ir ao telemóvel ou algo do género. Um exemplo simples. E eu gosto de trabalhar, gosto de onde estou. Não gosto é deste tipo de gente.

Na minha cabeça, sempre me consigo refugiar, deixando os papéis espalhados pela mesa (sinal de trabalho perante hierarquias superiores mas estupidez mental porque livrai-nos de termos a mesa limpa) e já imaginei não sei quantas vezes um sniper noutro prédio a dar-lhe todos os dias com uma bolinha de airsoft na tola, só para ouvir ele se queixar de dor e andar feito barata tonta a espreitar pela janela quem é o hitman. Claro, isto obrigava que as bolinhas foseem mais rijas para atravessar vidro mas valia a pena, estando de costas sorrir com a dor dele.

Não sou vingativo, mas acredito no karma. E sinto que um dia terá o que merece. Mas admito, às vezes sabia bem torná-lo mais humilde, mais correcto e menos hipócrita. Enquanto isso não acontece, cotovelas são sempre uma opção, com joelhadas extra. Mas como não sou violento, talvez um simples argumento de madeira suportado por quatro paralelepípedos uniformes seria mais vantajoso. 

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