Mais um dia.
Mais uma porra de um dia.
Mesmo de chuva.
Maravilhoso.
Ao menos a água a cair consegue não só disfarçar algumas lágrimas como providencia música de fundo triste para a minha vida patética.
Não agradas ninguém.
Nem a ti mesmo consegues te agradar.
Nem um simples pedido do teu corpo consegues satisfazer.
Pedi-te para ires dormir às 22h e o que fizeste tu?
Meia noite e a olhar para o telemóvel.
Estás cansado.
Nem posso dizer bem feita porque foi mau feito.
E o facto de estares de folga amanhã não pode servir de desculpa para não estares bem.
Conduziste centenas de quilómetros e onde estás?
No mesmo local, no ponto de origem.
Queres tanto ser feliz que nem olhas bem para a estrada.
E forças entradas em contra-mão, pois teimas que é assim o caminho.
"Do You Know The Way?".
Não, mas assumo que sou o caminho e que tudo vem dar a mim.
Esteja onde estiver notícias me atingem.
Quais relâmpagos oportunos.
E mesmo quando endireito a minha vida, lá se corta uma das pernas da cadeira e volta a cair no chão.
Nem em minha própria casa estou seguro.
Andei metido no sótão, numa cama improvisada no colchão do chão.
A chuva batia no telhado, o frio entrava e a música me mantinha desperto.
Nem sei onde estou, Vila Franca de Xira, Santa Póvoa da Iria, Adrião, Alverca...?
Filhas da mãe do Alverca que derrotou o Sporting mas fico feliz pelo meu irmão que gosta do Alverca desde pequeno nos José Mourinho Simulator.
Sinto-me sozinho.
Quanto maior o grupo, mais uma pequena Sombra sou.
Quanto mais tempo estou sozinho, mais depressa me vêm fazer companhia os meus pensamentos.
Alguns bons, outros nem tanto.
Sendo inseguro e com uma auto-estima de uma batata pequenina, torna-se casual o facto de ter ciclos pequenos de dias onde me vejo apenas de olhos fechados a tentar ficar inerte o suficiente até as vozes se calaram.
Muitas vezes olho o horizonte e nada vejo mas quando foco, recupero controlo, dou-me por mim em locais diferentes e às vezes fazendo ou indo fazer más decisões. Quer dizer nem sempre são más. Mas não gosto de arriscar. Só pelo seguro me guio.
Pessimista de segunda apanha, sempre me habituei a esperar o pior e tudo o que vier depois por acréscimo é um bónus.
Tenho pequenas surpresas. Mas sinto-me vazio na mesma.
Mas assim mantendo as expectativas baixas não me arrisco a cair de algum lugar alto para um poço em espiral negro sem fim.
Tão fácil agarrar o passado e me deixar lá ficar.
Tão bons os velhos tempos.
Carregados de óptimas memórias e de felicidade enorme.
Mas depois lá elas se desfazem e me relembram porque já não sou feliz.
Quer dizer, sou feliz.
Mas não tanto quanto eu era ou quanto gostaria de voltar a ser.
Há rumores, burburinhos de fundo, coscuvilhice e palavras soltas ao vento que acabam por entrar na corrente sanguínea e ajudam a aquecer o sangue.
Mas não tenho força para me chatear, mesmo que quisesse.
Demasiado preocupado a perder batalhas contra os meus demónios.
Um dia de cada vez.
Respiro fundo e saio da cama.
Assim começa mais um dia de trabalho.
Pensamentos de madrugada.
Assim me mantenho cansado pela dança entre estrelas e Lua, Sol e as vozes que me fazem companhia pela noite fora numa cama que cada vez mais parece pequena para tanta gente.
Carrego o peso de tudo nos ombros.
E me dão força enquanto me assoprarem, tal balão de ar que sou.
Mas o que acontecerá quando se levantarem e irem embora?
Quando me virarem costas?
Virá a toxicidade humana ao de cima.
Serei manipulado, espezinhado, assada e atropelado.
E deixarei pois me encontro acomodado às linhas de carris.
E apenas aqui fico enquanto oiço o comboio ao fundo a apitar.
Fecho os olhos.
Tudo tão calmo pela primeira vez em tempo.
Tudo tão... correcto...
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