Sabes, quando te conheci pela primeira vez, julguei-te muito superficial e egoísta. Não engraçara contigo por causa disso e não gostava de estar contigo, pois obrigava-me a socializar com alguém que era oposto a mim. Desgostava dessa tua maneira irritante de te facilmente aborreceres e desprezares as conversas e as pessoas e a facilidade em que tiravas o telemóvel do bolso e ficavas o resto do tempo por lá, ouvindo música, respondendo a mensagens ou simplesmente vendo as novidades nas redes sociais.
Mas lá fiz um esforço. Tínhamos amigos em comum e fiz um esforço para encontrar algum interesse em comum e que pudéssemos ser amigos e assim não ter de fingir que não me importava de estar no mesmo espaço que tu. E fomos falando e nos conhecendo melhor. E acabei por descobrir que afinal não éramos tão diferentes. Ambos gostávamos de futebol, preferíamos filmes de terror a romances e filmes tristes, conseguíamos fazer rir um ao outro. E claro, fomos nos aproximando mas tu não te chegavas perto.
Eu não entendia. Pensava que gostavas de mim como eu gostava de ti mas tu não querias nada. Então com o passar do tempo envolvi-me com a tua melhor amiga. Grande asneira, pois um dia me revelaste que sempre tiveras uma paixoneta por mim mas nada o disseras porque prometeras que nada tentarias comigo pois a essa tua melhor amiga já te tinha alertado que me queria. E eu senti-me mal. Não tinha realizado um avanço a ti porque o meu melhor amigo gostava de ti e não me queria chatear com ele.
Acabámos por nos afastar e anos passaram. E num dos meus momentos mais tristes, ao fazer uma limpeza de contactos, encontrei o teu número. E decidi enviar-te uma mensagem, sem saber se ainda terias o mesmo número, se ainda serias a mesma rapariga espontânea e carinhosa que conheci ou se havias mudado. Respondeste e me reconheceste. E voltámos a comunicar.
O tempo parecia ter voltado atrás, como se tivesse arrependido de ter avançado sequer. Mas agora tínhamos mais juízo e já não havia terceiras pessoas. Começámos a falar diariamente e saímos algumas vezes, passeando, vendo filmes ou simplesmente ficando a conversar em bancos de jardim ou paragens de autocarros e metros. E todos os sentimentos voltaram à flôr da pele e desta vez, não havia ninguém que nos podia impedir.
Mentira: havia nós. Tive medo pois os anos tinham passado e não sabia se gostavas de mim e tu não davas indicações de tal. Ficámos pela amizade e depois começaste a namorar outro mas disseste-me pouco tempo depois que pensavas que eu te iria dizer que gostava de ti, que esperavas que to tivesse dito, pois sentiras o mesmo por mim mas tinhas medo do meu silêncio e não querias sair magoada com uma rejeição e perder a nossa amizade.
E mais uma vez, fui estúpido e deixei-te ir. Meses passaram e ele partiu-te o coração mas eu nunca abdicara das nossas conversas e das nossas saídas. E no teu momento mais doloroso, fui ter contigo e abracei-te com força e ali o tempo parou para nós. Deixei de ouvir carros, pessoas, pássaros, cães.... Apenas ouvia os nossos corações a tentarem sincronizarem-se e baterem juntos como um só, como se dançassem uma valsa. Não te queria largar e parecia que tu não querias que te largasse.
Mas era cedo demais. Fui te soltando devagarinho e dei-te um beijo na testa e disse-te que podias contar sempre comigo. Sorriste e agradeceste-me, dando-me um beijo na cara, algo que era raro em nós. Passaram semanas e semanas e tu já sabes que gosto de ti. Mas tens medo de ser cedo demais, pois ainda pensas nele e porque pensas que não me mereces, que não és boa o suficiente para mim.
Pequena, não se esquece nenhum(a) namorado(a) que alguém teve, pois por muito mal e dor que tenha causado, ficarão sempre presentes as boas recordações e memórias e o medo de não ter outras iguais ou melhores com outra pessoa, igual ou melhor que qualquer ex.
Mas uma coisa é certa: mereces ser feliz. E tu podes pensar que não és boa o suficiente para mim. Mas amor, eu sinto que tu é que és boa demais para mim. Eu é que te deixei escapar, te desprezei, te ignorei, que me envolvi com a tua melhor amiga, entre tantas outras asneiras.
Sei que não posso voltar atrás no tempo e que não tenho perdão para o que te fiz passar, mas sabes que te amo e não quero voltar a deixar-te sair da minha vida e não quero apenas ver-te uma ou duas vezes por mês e falar por mensagens. Quero poder-te ver sempre, com um sorriso ou poder-te abraçar, proteger-te e dizer que tudo irá correr bem e te poder beijar, todos os dias, do resto das nossas vidas.
Não tenhas medo, pequena. Eu estou aqui.
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