quinta-feira, 26 de março de 2020

Primeiro Degrau

 










Não sei em qual música me basear pois ambas enquadram-se no assunto. Talvez seja a segunda vez que escolha a segunda música mas não importo, o que é bom partilha-se (excepto memes, isso é repost e merecem destinos cruéis tais pessoas).

Bem, tenho a dizer....

PEÇO DESCULPA A TODOS!

Não têm sido dias fáceis.
Não é tanto por causa da pandemia que assola o planeta devido a gente que não é higiénica e é egoísta ao ponto de indirectamente matarem os vizinhos do lado. Deviam começar a ir presos mas pronto, não quero saber dessa gente. Quer dizer, são gente? Pelo que vemos na televisão, são animais mas a comunicação social digital também mostra o que quer e são poucos os artigos não influenciados por terceiros...

Whatever, mais uma noite em que acordo a meio da noite. Já estranho quando durmo bem, sem interrupções e sem problemas de atenção. Mas desta vez tem sido diferente. Desta vez o meu poço está seco e vejo uma pequena luz intermitente de lanterna. A luz lá fixa e cubro a vista, já há muito que estou habituado ao escuro que fiquei sensível ocularmente. 

Oiço um ruído e algum pó cai para cima, com algumas pedrinhas. Protejo-me e me encosto a uma das paredes, tendo a cabeça entre as pernas, abrigando-a com as mãos. 

O barulho pára. Olho em frente e vejo uma escada de corda. Olho para cima e a luz continua bem acesa lá em cima. É pequena mas mantém-se ali imóvel. Algo tapa a luz e vem a descer super devagar. Parece uma esfera achatada. Não percebo ao início até chegar às minhas mãos. É um balão mas tem um pequeno fio atado com um envelope.

Leio: "Luz ao fundo do túnel? Cliché mas tu gostas. Desculpa a demora mas estou aqui para te salvar. Queres ser salvo?".

Tinha ali uma escolha: Podia escapar com esta ajuda e voltar ao normal, ter a possibilidade ter uma vida. Mas estava tão acomodado a estar no fundo que já nem o frio ou a fome me incomodavam. Tique taque. Olho para o pulso: o relógio que não uso marca 27 horas e 53 minutos. O ecrã rachado fez voar o ponteiro dos segundos há muito tempo quando tentei escapar, seja escalando e caindo, seja esmurrando a parede e mesmo cavando. 

Cai algo atrás de mim. Viro-me e apanho o objecto.
Uma pequena flôr. Não consigo perceber a cor mas consigo perceber que foi bem tratada. Aí percebo. Sou eu, em símbolo, em metáfora. Jovem, com tudo para viver, que fazia eu no poço?

Juntei algumas pedrinhas e fiz uma cama, deixei o meu relógio em cima e plantando a flôr à frente desse pequeno jazigo. A flôr reagiu instantaneamente e endireitou-se e começou a brilhar. Sorri, verti mais uma lágrima e agarrei a escada.

"Isso mesmo! O primeiro passo custa mais mas estou cá para te ajudar.".

Estou a caminho, degrau a degrau, hei-de chegar a ti... 

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