domingo, 7 de maio de 2017

Emprego (In)Certo

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Antes de começarem a ler, voltei a reler o que escrevi e apesar de fazer algumas críticas, eu admito que não sou o trabalhador exemplar. Óbvio que nunca mostrarei isto ou o direi a algum colega de trabalho. Mas não muda o facto de que algumas coisas poderiam mudar. Ainda fui confrontado na sexta-feira e depois de uma conversa unilateral (advinhem quem não podia falar, pois não tinha razão?), as coisas pareciam voltar ao normal. Mas no fim-de-semana caí na real. Sei que é uma questão de tempo até tudo estar de volta ao mesmo. Portanto, hei-de estar calado e tentar fazer o meu trabalho surdo e mudo, recolher o cheque e estar a viver a vida fora de lá. Eu não vivo para trabalhar, trabalho para vivier.

Provavelmente, não será o último post sobre o meu emprego mas com um pouco de sorte, será o último sério. Voltarei a escrever aquilo que mais tenho jeito: os meus e vossos desastres românticos e sonhos. O sonho sim, esse comanda a vida...

Sabem qual é o lado mau do meu trabalho? É ter a minha chefe. Não é que saiba fazer tudo de cor e salteado, de olhos fechados e com as duas mãos atrás das costas. O problema é não saber tudo porque recusa-se a ensinar-me tudo, a deixar-me fazer as coisas para aprender, falhar, corrigir, melhorar, acertar, continuar, mecanizar e porque por ela, só tirava fotocópias, digitalizava e arrumava. Isto chegou a um ponto em que ela pede um processo de uma pessoa e ambos sabemos que o processo está num armário a cinco passos de distância dela e a três salas de distância de mim. 

Mas por muito que diga que está no armário, acham que ela se levanta? Não, para isto não. Tenho de lá ir eu, largar tudo, agarrar a pasta, dar cinco passos e dar-lhe a pasta e voltar para o meu lugar e ainda levar um sermão de estar a demorar muito tempo ou que fiz mal algo. Não é que me tenha enganado mas como não fiz à maneira dela, ela não aceita como bem. E ela raramente vem quando lhe peço. Só se levanta quando sobe ao andar de cima para ir à casa-de-banho ou para tomar o lanche da manhã e tarde. E nessas alturas de bexiga ou intestino, lá eu suspiro de alívio e faço tudo com calma e bem e descanso porque não tenho de a aturar com as suas chamadas para a empregada de casa ou coscuvilhices com os restantes colegas.

 E depois lembra-se que tem trabalho e passa-mo para mim, uma vez que acabei naquele instante o meu trabalho e tenta colocar alguma coisa de trabalho (e não só) em dia. E como ela passa-me esse trabalho, fica sem nada para fazer e sobe lá para cima, para falar com a sua amiguinha, uma vez que tem tudo feito. Ah tanta vez já me apeteceu lixar-lhe o trabalho e fazer mal de propósito ou esquecer-me e nada fazer. Mas ela sabe que eu sou demasiado inteligente para isso e perceberia a ideia. 

Uma vez que ela tem influência no chefe maior da empresa, a pintura não parece muito bonita do meu lado, pois não? Há rumores que eles já tiveram um caso mas a mim é-me igual. Apenas gostava de ter o trabalho normal, com as partes chatas mas com algum entusiasmante e interessante, que possa fazer do início ao fim e assinar como fui eu que fiz. Não do género, ela faz mal, mete as culpas em mim e pede para eu corrigir, para ela mandar o certo que ela fez. E ai de mim que não tenha tempo que ela lá se queixa que eu nada faço, que só me distraio no telemóvel ou lá em cima com outra secção e que não faço o meu trabalho e lhe falto ao respeito.

 A melhor altura do meu dia aqui, quando ela está em modo estúpida é mesmo a hora de almoço. Ela sai mesmo em cima da hora e almoça antes da hora para ir fazer as compras dela. Eu acabo um pouco depois da hora, almoço e ainda volta antes da pausa acabar para recomeçar a trabalhar e adiantar trabalho. Porquê? Porque gosto disto. Gosto do trabalho e dos assuntos em si. Mas como disse, não gosto é das atitudes de menina mimada que ela tem. Será que, por ter empregada em casa, vê-me como empregado dela aqui? Mas não a possa confrontar porque não tenho poder.

 E não posso apontar o dedo, porque ela lá dá a volta à situação e eu fico a parecer ao olhar de todos, o mau trabalhador, que nada quer fazer e que apenas quer vir dormir e receber o salário no fim do mês. Ainda pensei em pedir transferência para o Porto mas duvido que me deixassem ir e ela não iria permitir que fosse, pois implicaria ficar sozinha e isso implicaria ter de trabalhar. E ela vetava a minha ida. Ao ficar, estava completamente lixado, pois teria de aturá-la o resto do tempo e teria de aceitar qualquer fotocópia que pedisse ou capricho sob pena de ser despedido. 

Mas eu até posso virar costas e ir-me embora mas ela iria pedir desculpa e prometer mudar e eu, sendo crente e boa pessoa e acreditando que toda a gente tem um bondade dentro de si, ficava e ela realmente estaria diferente. Pelo menos nos primeiros dias. Depois voltava igual ou pior e eu não estou para chegar a esse ponto. Participar uma queixa é inviável porque ela iria saber e ficava de tal maneira manchado que iria parecer mentiroso e um queixinhas. 

Portanto, que remédio tenho mas trabalhar. Mas se chegar ao meu limite, peço transferência por outros motivos. E ou aceitam ou pondere meter baixa. Mas até lá, vou parar de escrever e vou tirar fotocópias. E como para os restantes colegas, eu estou mesmo cá a passear e ninguém gosta de mim, bem, casa-de-banho torna-se um bom local para descansar. Até já.

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