Antes de começarem a ler, voltei a reler o que escrevi e apesar de fazer algumas críticas, eu admito que não sou o trabalhador exemplar. Óbvio que nunca mostrarei isto ou o direi a algum colega de trabalho. Mas não muda o facto de que algumas coisas poderiam mudar. Ainda fui confrontado na sexta-feira e depois de uma conversa unilateral (advinhem quem não podia falar, pois não tinha razão?), as coisas pareciam voltar ao normal. Mas no fim-de-semana caí na real. Sei que é uma questão de tempo até tudo estar de volta ao mesmo. Portanto, hei-de estar calado e tentar fazer o meu trabalho surdo e mudo, recolher o cheque e estar a viver a vida fora de lá. Eu não vivo para trabalhar, trabalho para vivier.
Provavelmente, não será o último post sobre o meu emprego mas com um pouco de sorte, será o último sério. Voltarei a escrever aquilo que mais tenho jeito: os meus e vossos desastres românticos e sonhos. O sonho sim, esse comanda a vida...
Provavelmente, não será o último post sobre o meu emprego mas com um pouco de sorte, será o último sério. Voltarei a escrever aquilo que mais tenho jeito: os meus e vossos desastres românticos e sonhos. O sonho sim, esse comanda a vida...
Sabem qual é o
lado mau do meu trabalho? É ter a minha chefe. Não é que saiba fazer tudo de
cor e salteado, de olhos fechados e com as duas mãos atrás das costas. O
problema é não saber tudo porque recusa-se a ensinar-me tudo, a deixar-me fazer
as coisas para aprender, falhar, corrigir, melhorar, acertar, continuar,
mecanizar e porque por ela, só tirava fotocópias, digitalizava e arrumava. Isto
chegou a um ponto em que ela pede um processo de uma pessoa e ambos sabemos que
o processo está num armário a cinco passos de distância dela e a três salas de
distância de mim.
Mas por muito que diga que está no armário, acham que ela se
levanta? Não, para isto não. Tenho de lá ir eu, largar tudo, agarrar a pasta,
dar cinco passos e dar-lhe a pasta e voltar para o meu lugar e ainda levar um
sermão de estar a demorar muito tempo ou que fiz mal algo. Não é que me tenha
enganado mas como não fiz à maneira dela, ela não aceita como bem. E ela
raramente vem quando lhe peço. Só se levanta quando sobe ao andar de cima para ir
à casa-de-banho ou para tomar o lanche da manhã e tarde. E nessas alturas de
bexiga ou intestino, lá eu suspiro de alívio e faço tudo com calma e bem e
descanso porque não tenho de a aturar com as suas chamadas para a empregada de
casa ou coscuvilhices com os restantes colegas.
E depois lembra-se que tem
trabalho e passa-mo para mim, uma vez que acabei naquele instante o meu
trabalho e tenta colocar alguma coisa de trabalho (e não só) em dia. E como ela
passa-me esse trabalho, fica sem nada para fazer e sobe lá para cima, para
falar com a sua amiguinha, uma vez que tem tudo feito. Ah tanta vez já me
apeteceu lixar-lhe o trabalho e fazer mal de propósito ou esquecer-me e nada
fazer. Mas ela sabe que eu sou demasiado inteligente para isso e perceberia a
ideia.
Uma vez que ela tem influência no chefe maior da empresa, a pintura não
parece muito bonita do meu lado, pois não? Há rumores que eles já tiveram um
caso mas a mim é-me igual. Apenas gostava de ter o trabalho normal, com as
partes chatas mas com algum entusiasmante e interessante, que possa fazer do
início ao fim e assinar como fui eu que fiz. Não do género, ela faz mal, mete
as culpas em mim e pede para eu corrigir, para ela mandar o certo que ela fez.
E ai de mim que não tenha tempo que ela lá se queixa que eu nada faço, que só
me distraio no telemóvel ou lá em cima com outra secção e que não faço o meu
trabalho e lhe falto ao respeito.
A melhor altura do meu dia aqui, quando ela
está em modo estúpida é mesmo a hora de almoço. Ela sai mesmo em cima da hora e
almoça antes da hora para ir fazer as compras dela. Eu acabo um pouco depois da
hora, almoço e ainda volta antes da pausa acabar para recomeçar a trabalhar e
adiantar trabalho. Porquê? Porque gosto disto. Gosto do trabalho e dos assuntos
em si. Mas como disse, não gosto é das atitudes de menina mimada que ela tem.
Será que, por ter empregada em casa, vê-me como empregado dela aqui? Mas não a
possa confrontar porque não tenho poder.
E não posso apontar o dedo, porque ela
lá dá a volta à situação e eu fico a parecer ao olhar de todos, o mau
trabalhador, que nada quer fazer e que apenas quer vir dormir e receber o
salário no fim do mês. Ainda pensei em pedir transferência para o Porto mas
duvido que me deixassem ir e ela não iria permitir que fosse, pois implicaria
ficar sozinha e isso implicaria ter de trabalhar. E ela vetava a minha ida. Ao
ficar, estava completamente lixado, pois teria de aturá-la o resto do tempo e
teria de aceitar qualquer fotocópia que pedisse ou capricho sob pena de ser
despedido.
Mas eu até posso virar costas e ir-me embora mas ela iria pedir
desculpa e prometer mudar e eu, sendo crente e boa pessoa e acreditando que
toda a gente tem um bondade dentro de si, ficava e ela realmente estaria
diferente. Pelo menos nos primeiros dias. Depois voltava igual ou pior e eu não
estou para chegar a esse ponto. Participar uma queixa é inviável porque ela
iria saber e ficava de tal maneira manchado que iria parecer mentiroso e um
queixinhas.
Portanto, que remédio tenho mas trabalhar. Mas se chegar ao meu
limite, peço transferência por outros motivos. E ou aceitam ou pondere meter
baixa. Mas até lá, vou parar de escrever e vou tirar fotocópias. E como para os
restantes colegas, eu estou mesmo cá a passear e ninguém gosta de mim, bem, casa-de-banho
torna-se um bom local para descansar. Até já.
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