Splash splash splash.
Frustração toma conta de mim. Já não sei quanto tempo passou, se dias, se horas ou se meros minutos.
Tempo torna se relativo e eu conformado. Ainda luto mas começa a haver cãibras, cansaço.
Chorar não ajuda, só aumenta o nível da água. E a Elsa e o Fabien vieram em má altura.
É o que dá gostar de andar à chuva. Bastou um rajada de vento mais forte e foste ao chão e a água te levou até a este poço onde te encontras,
Preso, vês o céu cinzento por cima de ti. Esperas que volte a chover para a água subir e tu poderes sair. Não tens pé mas tens estado a tentar te apoiar na parede circular mas sem sucesso.
Queres tanto escapar, desejas tanto fugir e voltar a estar no conforto da cama, no calor do edredão e no apoio eterno da almofada.
Acorda, não podes aui adormecer. Cansaço não pode vencer. Há que lutar. Ao menos se passasse alguém. Com este tempo ninguém passa e acho que não tens voz mais para falar quanto mais pedir auxílio.
Queres tanto escapar deste buraco que cada vez mais parece que a entrada está a afastar se.
Bolas, o corpo está a ficar hipotérmico. Estou a ficar pesado.
Mal sinto as mãos e as pernas. Será que ainda tenho pernas? Não me ponderei a hipótese de haver algo aqui comigo em baixo.
Não, não é bom entrar em paranóia.
Nunca mais chove, só faz nevoeiro e frio.
Telemóvel não funciona. Já teria chamado alguém para me salvar.
Mas se nem isso dava, uma musiquinha para entreter e dançar podia ajudar, nem que fosse distrair.
Vasculho os bolsos, pasta de papel e mais papel. E algo remanescente de um barco de papel. Endireito-o melhor que posso e coloca a flutuar. Ele oscila pelas ondas por mim criadas mas acaba por se afundar devagarinho e desaparecer sem deixar rasto de que existiu. Será que existiu? Existo eu? Não serei eu um pensamento solto numa mente alheia?
Se calhar é isso, é a outra pessoa a apagar-me da sua existência. Se nada fizer, também irei sucumbir por baixo deste lençol aquático.
Poderás salvar-me?
Por favor, salva-me...
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