Este combate está marcado para uma derrota. E é um 2 para 1 enterrado Vivo.
Apresentando primeiro, Filipe Gomes. Lá vou eu, mais um dia, nada de novo.
Passo este portão receando não voltar, receando do que vou enfrentar. Engulo o medo, limpo a cara e corrijo a postura, nada de ter medo de ir à luta quando em causa o prémio é a felicidade na paz e sossego.
E os seus adversários, Pá. A neblina nocturna se intensifica enquanto esse nome repete se pelo eco nas lápides envolventes e mais distantes.
Nada vejo em minha frente, em meu redor. Apenas campad abertas para onde escorre a água.
Torna se quase irónico o simbolismo entre vocês e a Pa. Sempre lá tiveram para as pancadinhas nas costas e depois para cavarem me a sepultura.
Qie emoção, que ternura.
Mas desta vez, não chegou o meu momento..
Vieram a correr, com duas pedras na mão cada um de vós.
Lançam uma que me faz baixar mas não vi a outra partir que me acerta no peito.a dor é grande mas levanto me a custo e lateralizo para não ser empalado. A lápide atrás de mim se parte. Aqui jaz __________ enterrado e morto aqui. Nada bom sinal.
Só aguentar até a manhã nascer.
Continuo a recuar, a estudar a estratégia.
Ao início parece um trabalho duplo mas percebo que apenas estão a capitalizar sobre cada ataque parceiro e não necessariamente a trabalhar em equipa.
Sei o que tenho de fazer.
Terei de confiar nos instintos. Terei de me aproximar mas cada lado tem uma pedra ainda.
Quase certo que vou levar pedrada mas é preciso para fazer luto e seguir caminho.
Decido ir ao lado mais frágil.
Corro na sua direcção e lá veio a pedra a voar. Meti a mão à frente que a bloqueou mas apanhou parte da minha cabeça. Não para e continuo e bem ela virou se para correr mas saltei e a derrubei no chão.
Esperneava, mordia, tentava cotoveladas e cabeçadas mas a prendi bem e me virei. Não vi a sua metade. Levantei nos do chão e a usei como escudo. Em direcção à campa aberta, tenho um feeling.
Bem dito bem certo, lá está o resto do espectro com a pedra na mão que sem pensar duas vezes a atirou e falhou, acertando na minha refém que cai redonda no chão.
Naquela fracção de segundo vi todas as memórias que tive com ela esvoaçarem me nos olhos dela. Senti... Pena...
Virei me mas recebi uma pedrada no olho esquerdo. Ficou lá entalada e em dores agonizantes. Rodei a cabeça para o lado esquerdo para poder ver e já só vi ela com a lápide em cima erguida.
Ajoelhei me, sabia onde estava e senti primeira metade me prendendo os braços que em nenhuma força fazia. Vi a lápide descer, fechei os olhos e nada senti mas lembro me de cair.
Acordei dentro de um caixão e ouvia barulho. Barulho... De terra caindo em cima do caixão. Não me conseguia mexer. O caixão era pequeno demais para mim. Tentei abrir a porta mas não conseguia. Até deixar de ouvir som. Até deixar de sentir algo. Até fechar os olhos. Até me deixar levar pelo abraço escuro do que me esperava. Tinha perdido. Estava perdido. E perdido ali ficara. Pá ante pá, terra ante terra, ali jazia eu.
Mas sei o que fazer...