quinta-feira, 8 de março de 2018

Caminho das Estrelas

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Meia-noite toca...
Lá fora ouve-se à distância um ou outro barulho,
seja um carro ou apenas alguém a chegar tarde a casa.

Mas lá ela se levanta a essa hora.
Mais uma noite em que não adormece.
Não sofre de insómnias.
Apenas o céu lá fora a convoca.

Ela abre a janela e senta-se no parapeito.
Ela não quer saber do que se passa à frente.
Não quer saber se existe Lua, Sol, nuvens.

Ela não pensa noutrois planetas.
Ela não pensa no seu planeta.
Ela não pensa noutros seres além espaço.
Ela pocuo se importa com os seres terrestres.

Mas tem sido um hábito.
Meia-noite e facilmente a encontramos na janela.
A contemplar o infinitamente pequeno é o Universo.
Por comparação da sua mente.

Mas naquele momento, nada importa.
Naquele momento, que importa o que se passa em redor.
Naquele momento, que importa o que se passa dentro dela.

As luzes lá em cima lhe chamam.
E ela sobe à janela.
A leve brisa a convida a levantar voo.
As estrelas lhe mostram o caminho.

E de repente, o vento pára...

....

....

A janela para sempre ficará aberta.
Com o cortinado a esvoaçar livre mas preso.
Enquanto o vento bate na janela.
E convida o cortinado a vir ser estrela...



(Texto pedido por M.R.)

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

A Felicidade da Infelicidade

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Sabem quando uma pessoa está no limbo? E não falo de passar por baixo de uma barra numa festa havaiana (pizza de ananás, alguém?).

Quando nem estamos felizes nem infelizes. Quanto não estamos felizes o suficiente para sorrir mas o suficiente para não chorarmos num canto.

Talvez o melhor exemplo seja a fase mais funda do ciclo de namoro.

Olhando para qualquer pessoa que vai à pesca. Prepara tudo no dia anterior, a roupa, o chapéu, o jornal, mantimentos para quando dá a fome ou sede, atesta o carro, coloca o despertador bem cedo e lá vai ele para o meio do nada, envolto no silêncio e na paciência, paciência...

Não sabe há quantas horas ali está debaixo daquele só, isolado do resto do mundo. Só ele e a água se encontram ali. E tal como na fase que disse, ele tão pouco sabe se vai encontrar peixe ou se volta de mãos a abanar.

Uma coisa é certa, ele virá desgastado para casa, cansado e cheio de dores de cabeça. E se tive apanhado peixe, ele esquecerá o tmepo que demorou, esquecerá as dores e o cansaço que tem, pois naquele dia, sente que mereceu o peixe por toda a preparação e paciência que teve para o apanhar.

Como num namoro, levamos tampas e tampas (claro, gente bonita tem logo um sim antes de perguntar algo, que não é o meu caso) mas no momento em que meses passaram e obtemos um sim, esquecemos todos os peixes que falhámos em apanhar, todas as dores, todo o cansaço e todas as botas de borrachaque pescámos por engano, pois tudo se resumiu àquele momento, àquele sim.

E esse sim vem, a partir do momento em que no fundo do do coração dissermos que já chega de dor, respiramos fundo e preparamo-nos para um jogo de paciência, em que quer queiramos acreditar ou não, iremos obter um sim. Vai demorar, não digo o contrário, mas ambos sabemos que valerá a espera.

Abraços.
Paciência e Preparação.
Mas especialmente Paciência.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Lá aparentar, aparenta...

Seja qual for a cerimónia religiosa ela está lá, podendo até ser a primeira a chegar. Não há missa a que não vá, e quando não há, vai à aldeia vizinha assistir às lições católicas e morais que o padre recita por obrigação e não por devoção.
Quando todos os dias, passa aquela grande porta dividida em duas, que separa o mundo de Deus e a realidade terrestre, deixa de ser a Francisca devota da coscuvilhice num banco de jardim e torna-se Sr. D. Francisca a mais devota da Igreja Católica, que não perde nenhuma oportunidade para entrar em contacto com Deus que, diz ela, a tem em grande consideração e já tem um lugar reservado para a sua alma santa, perto do seu trono onde comanda todos os terrestres, que com uma excepção marcada na sua pessoa, não passam de uns pecadores que estão destinados a ficar presos entre dois mundos, arrastando as suas correntes.
O que ela esquece quando interioriza a personagem de mulher santa e perfeita é que o seu querido Deus vê quando ela está na casa da melhor amiga, metida com o marido da companheira religiosa, que também vê quando ela deseja mal aos outros ou quando passa horas a falar mal e a querer saber tudo o que se passa na vida dos seus vizinhos. "Não preciso de me confessar", diz ela, pensando que sendo uma pessoa da Igreja é uma santa.
Casou-se por motivos externos - dinheiro - ambicionava ter uma grande casa e muitas posses para se poder afirmar perante os outros. Quando lhe pedem ajuda, diz não ser mãe de ninguém.
Segundo a sua pessoa, tudo o que tem foi obra de Deus e ela não pode ser responsável por nada, claro que com excepção das coisas "boas" que diz fazer, às vezes sem chegar a fazer, pelos outros, aí já é porque é possuidora de um enorme coração.