domingo, 31 de janeiro de 2016

Madrugada de Domingo



Ainda espero um sinal teu
Debaixo desta noite ao luar.
Enquanto estou debaixo de um lençol meu
E por ti estou a esperar.

Não sei se esta noite me irás ligar.
Provavelmente não o irás fazer.
Mas na mesma tenho de acreditar.
Que em breve vai acontecer.

Vou escrevendo palavras.
Na esperança de te cativar.
Os flirts não são minhas armas.
E não te paro de chatear.

Mas aqui vou aguardando.
Apesar dos olhos estar a fechar.
Aqui vou esperando.
De ouvir o meu telemóvel a tocar.

Sei que isto é algo puro.
E cheio de simplicidade.
É quase tão duro.
Como o peso da nossa idade.

Provavelmente hei-de adormecer.
Assim que aqui estiveres a regressar.
Mas vou-me esforçar para atender.
A tua chamada, quando me decidires envergonhar.

Gostava da tua voz ouvir.
Mesmo que pouco venhamos a falar.
Gostava de antes de ir dormir.
Da tua voz poder-me vir embalar.

sábado, 30 de janeiro de 2016

Abraço


Voltando um pouco às origens e ao que tenho jeito: tristeza.

Se existe algo que me deixa sem reacção e sem saber o que dizer ou fazer é ver alguém chorar.
Eu identifico-me com a tristeza de cada um, seja qual for o seu motivo.

Mas o meu mal é que nunca soube, durante muito . . . MAS MUITO tempo . . . nunca soube o que dizer ou fazer. Durante anos dizia que ia tudo correr bem e que coisas melhores virão.

O que é a coisa pior de se dizer, pois se pensarmos bem, criamos expectativas nas pessoas e muitas vezes elas nunca se concretizam e também, quando estamos tristes, também nos dizem isso e para nós, nunca nos sentíamos melhor.

Pelo contrário: tínhamos expectativas e por cada dia que passava, nada mudava e apenas nos íamos fechando e ficando cada vez mais tristes, até ao momento em que nos refugiámos no nosso santuário: o nosso quarto, a nossa cama, o nosso computador e a nossa música. E nada era mais preciso (fora comida e w/c, obviamente).

Mas há uns meses descobri um poder. Pronto, foi-me mostrado por uma amiga, numa das alturas em que estava pior. E ela chegou-se a mim e deu-me um abraço. Não houve palavras, não houve nada depois. Apenas ali o tempo parou durante o abraço e por uns momentos, estava em paz comigo e feliz.

Um abraço é provavelmente... Não! Na minha opinião sincera, um ABRAÇO é o melhor que podemos oferecer em situações em que outros estão tristes.

Há uns tempos, convidei uma amiga minha a sair comigo e outros amigos, porque também já não a via há muito tempo e decidi convidá-la a sair a um café. (Não, é apenas uma amiga e uma das minhas amigas de maior duração que tenho).

Divertimo-nos, rimo-nos e depois fui-lhe deixar em casa. Falámos um pouco mais antes de voltar e ela desabafou que tinha falecido alguém que ela gostava muito, uma tia dela. Ofereci-lhe lenços e ela recusou, porque ela é do tipo de rapariga que é forte e independente e não quer dar a parte fraca e não quer que lhe tratem como se fosse uma boneca de porcelana.

Mas assim que saímos do carro, eu dei a volta ao carro e enquanto ela dizia que para irmos falando e eu dando-lhe notícias, decidi puxar-lhe para junto de mim e dei-lhe um abraço forte.
Ela não chorou, apesar de ainda ter algumas lágrimas a escorrerem pela cara.

Ela apertou também o abraço e agradeceu aquele momento.
Disse-lhe que por muito pouco que falemos ou por muito que se tenha passado entre nós, ela poderia contar sempre comigo para tudo, pois ao fim ao cabo, ela é das minhas melhores amigas que tenho e alguém a quem posso chamar "família".

Todos temos esse poder. O poder de dar um calor ao coração, um sorriso na cara e fazer qualquer pessoa esquecer os seus problemas ou torná-los insignificantes, minimizando as feridas.
E para tal, basta abrir os braços e prendê-los num longo e forte abraço sentido.

E por muito que qualquer pessoa não queira esse contacto ou que diga que está bem, ninguém quebra o abraço assim que alguém o dá, pois o abraço foi para todos nós a primeira lembrança de segurança que temos desde crianças. E quem somos nós para quebrar esse laço ao passado?

Introdução de uma forma que o Fernando Pessoa se orgulharia (talvez)

Olá gente, o meu nome é João Gomes, familiar do dono do blog (tentem adivinhar), tenho o meu blog próprio relativo ao meu canal de YouTube. Agora, parvoíces à parte, li as introduções dos meus camaradas escritores e pensei que tenho de me apresentar de forma original. Então porque não de forma poética? (daí o título). Vamos tentar ser "originais".

              O meu é João Gomes
              e neste blog vou escrever
              usar bem os pronomes
             para se entusiasmarem a ler
     
             Falando a sério, ninguém liga ao Português
             Querem uma coisa mesmo profunda
             Não tenho de cara de freguês
             Embora tenha sido um dia motivo de barafunda

             Adoro poesia, é como magia
             Juntar as palavras ao som da maresia
             Há quem diga que tenho um dom
             Eu acho que sou apenas razoavelmente bom

             A modéstia fica sempre bem
             Não me estou a gabar
             Embora seja isso que vocês estão a pensar
           
            Para ser honesto, não encontrei forma de acabar [aquela estrofe]
            Não se preocupem, que isto está quase a terminar
            Para nada mais faltar
            Venham cá nos visitar


         
         

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Bebés




Vamos ser honestos. Quem me conhece sabe bem o que aqui irei escrever. Mas vocês que aqui me vão conhecendo, já perceberam que tipo de pessoa eu sou e que tipo de texto vou escrever aqui agora. Pois bem, vou variar um pouco.

Hoje vou falar de um tema que me é capaz de deixar quase babado (no bom sentido) e que vai-me obrigar a escrever algo positivo, optimista e feliz. Vamos falar de bebés.

Respondendo àquela pergunta óbvia: Sim, eu quero ser pai um dia. E acrescento na resposta que ser pai é um dos meus dois maiores sonhos. O outro é encontrar alguém que me ame por aquilo que eu sou e eu conseguir ser feliz com ela e fazê-la feliz, para sempre.

Mas isto sou eu. Um romântico incurável que se esforça para dar meio mundo e abdicar da minha felicidade em prol do próximo. Mas se há um assunto que eu não cedo, é no ser pai.
Ela pode ser o oposto de mim mas se uma coisa tenho de ter em comum com ela, é o desejo de ser pai (e mãe). Mas só há uma situação em que eu cedo: se me apaixonar por alguém que não consiga ser mãe agora ou no futuro.

E atenção: eu cedo na maneira de ser pai. Não é preciso ser 100% meu pois posso adoptar e aí, provavelmente adoptaria alguém já adolescente sem qualquer problema (mas claro, eu vou tentar sempre ser pai da maneira natural e por sinal, a mais divertida :p ).

Óbvio que ser pai invoca muitas responsabilidades para qualquer ser humano pois nem toda a gente tem estofo para tal (e até defendia que se devia fazer um exame de inteligência para permitir ou não sermos pais mas isto sou eu e as minhas opiniões).

E eu neste momento, admito ser pouco responsável, o que me força a adiar a concepção de uma versão miniatura minha (ou dela, dependendo do sexo do bebé). Por causa disso e por causa da relativa tenra idade que tenho.

Quando era mais novo, eu até brincava com os Nenucos e casinhas de bonecas da Barbie com as minhas primas e achava piada inventar mil e uma histórias do dia a dia de simples bonecos de plástico. Não me fazia de mim gay. E não o sou. Mas deixava-me feliz. Talvez seja por isso que muitas vezes tenha mudado fraldas ao meu irmão mais novo sem qualquer problema com cocós. Olhava para o cachopo como se fosse um Nenuco Humano, com emoções e sorria de felicidade.

Mas eu quero ser pai e passar pelas alegrias e tristezas que qualquer pai passa. Quero poder chegar a casa, vindo de um dia exaustivo do trabalho e ter o meu filho a vir-me dar um abraço e mostrar-me o seu desenho ou o que aprendeu na escola. E como qualquer pai, derreter-me-á coração sempre que ele disser: "Amo-te/Adoro-te/Gosto muito de ti, papá".

Sim... Vou ser um pai babado. Aí não escapo mas não quereria que fosse de outra maneira. Quero ser um pai presente, um amigo, o seu super-herói e claro, que possamos ser o orgulho um do outro: ele ser o meu orgulho e uma das razões da minha felicidade e ele sentir orgulho no pai que terá. 

Mas até lá, até esse dia chegar (não coloco "se's" pois antes dos quarenta anos quero ser pai de duas crianças, seja pelo método natural ou por adopção), vou-me derretendo com os bebés que vejo na Rua, na Igreja, nos Correios, nas Lojas, no Jardim, nos Transportes, etc, pois os seus gestos simples são o suficiente para me deixar de coração quente e derretido.

A sério.... quero tanto ser pai....

domingo, 24 de janeiro de 2016

1700


Em dia de eleições para elegermos o nosso representante supremo dos interesses nacionais portugueses, ainda vós conseguiram vir aqui conhecer o blog e visitá-lo, elevando a contagem para mil e setecentas visualizações (1.700).
Em nome de todos os escritores do blog, muito obrigado pela vossa visita e pelo vosso apoio.
Espero que continuem por aqui a dar-nos força (emocional e criativa) para superar-mo-nos a nós mesmos e melhorarmos, mantendo a nossa qualidade de escrita e de experiências que convosco partilhamos.

Sendo assim, quero lançarmos um desafio:
https://www.facebook.com/memoriasdeumasombra

Aqui entrego a página de facebook do blog e desafio todos vós a darem-me um tema, uma palavra, uma frase, uma imagem e escreverei um texto sobre isso, onde vos dedicarei o mesmo.

Desafio-vos a desafiarem-me.
Atrevam-se.

Mais uma vez, obrigado pelo vosso apoio.
E cá nos voltamos a ver daqui a uma centena de visualizações.
Portem-se bem (mal). ;)

sábado, 23 de janeiro de 2016

Facas


O que têm facas e relacionamentos em comum?
Excepto cozinhar, significa normalmente o fim.
Mas não o fim "menos" doloroso.
Pelo contrário, o fim "mais" doloroso.

Facas em namoros significa traição.
E infelizmente, já passei por isso.
Longe vão os tempos em que era feliz e tudo corria bem.
Mais recente vão os tempos em que tenho de me refugiar e evitar o sexo feminino.

Porquê cada vez que estou numa relação e sinto-me feliz.
Feliz e que tudo vai correr bem.
Recebo uma sms ou uma chamada.
E descubro que fui traído e que tudo acabou.

Infelizmente, eu preocupo-me depois.
Com elas. Infelizmente, não sou capaz de odiar qualquer pessoa.
Mesmo que me tenha traído.
Que ambos sabemos que é o pior que pode acontecer numa relação.

Eu posso cada vez falar menos.
Até deixar de falar.
Mas tenho grande facilidade em fazer amigos.
O que me faz ter vários amigos em comum com qualquer rapariga.

E claro, sei que uns tempos depois.
Havemos de nos encontrar.
E claro, a culpa de ser traído nunca é minha.
Mas provavelmente terias tantas facas para me cravar.

Por trás desse teu sorriso.
E da tua inocência (perdida).
Assim que te aproximasses de mim.
E eu baixasse as guardas.

Sei que retirarias as facas das ligas que tens nas pernas.
E me cravarias as facas nas costas.
E para insulto, ainda me abraçarias e sorrias.
E eu ali, vertendo todas as gotas de sangue, sentido o teu perfume.

Mas enfim, eu tento ignorar.
E evitar problemas.
Talvez um dia encontre alguém que não me leve num passeio à cozinha.
Sem ser para cozinhar, comer ou algo assim.

Espero que ninguém mais levante uma faca para mim.
E que a use pelas costas.
Não fui feito para agradar a todos.
E neste momento, procuro só agradar a poucas pessoas:

Família, Amigos e talvez um dia...
Um dia... Haverá alguém que me fará feliz.
E com um pouco de sorte não usará facas.
Sou fã de sushi, portanto pode ser que ela use pauzinhos também.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

A Remar, A Remar


Em tempos enviei uma carta.
Mas sabendo a situação onde estava e a distância a que me encontrava, sabia que provavelmente não iria chegar ao seu destino e mesmo que chegasse, mais provável era não obter resposta de volta.

Porquê? Porque sou pessimista.
Mas aqui fui diferente. Aqui fui optimista. Uma parte de mim quis acreditar que iria receber uma resposta, um texto, uma frase, uma palavra.

Esperei por uma carta de volta e meses passaram.
Mas não desanimei e decidi enviar um segundo texto.
E aí, consegui uma resposta. Uma resposta pela qual tanto ansiava.

Escreveste as tuas aventuras.
Os mares que atravessaste.
E a esperança que tinhas.

Esperança de eu te voltar a falar.
E eu não sabia o que dizer.
Pensei que eu estava à tua espera.
E afinal tu é que me esperavas.

Esperavas uma outra mensagem.
E pelo meio deixaste-me um mapa.
Por onde andavas a navegar.

E obviamente interpretei como um sinal.
E peguei nos remos e remei.
E continuo a remar.

Apesar de estar cansado e exausto.
A tua resposta deu-me uma nova força para voltar ao mar tumultuoso.
E apesar de ser um pequeno barco de madeira e remos.
Está protegido pela esperança que me deste. Perdão, que nos deste.

E por entre aventuras e marés.
Aqui vou eu remar.
Devagarinho para o barco não quebrar.
Mas rápido para te poder encontrar.

Mas tenho os meus receios...
Já passou tanto tempo.
Um ano para ser exacto.
E não sei para que direcção vou.

Se remo para um mar calmo.
Ou se remo para uma tempestade.
E apesar de ter medo do que me possa acontecer.

Não vou ficar no conforto.
Vou remar e remar.
Enquanto mil e um pensamentos me passam pela mente.

Mas todos eles convergem para um pensamento em comum:
Será...? Será que é desta que mostras...?
Será que é agora que te revelas perante mim?
Será... Que dizes aquilo que eu tanto quero ouvir de ti?

Ou voltarás a fechar-te.
E manter-me naquele poço fundo mas iluminado.
A que banalmente me atiraste.

Será que já confias em mim a esse ponto?
Não sei mas em breve saberei.
E sei que não lerás isto.
Mas espero que o sintas.

Sintas que tenho sentimentos por ti.
E espero que tu demonstres os mesmos sentimentos por mim.
Ou que me acenes para eu conseguir encontrar o caminho.
O caminho em tua direcção (e ao teu coração).

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

1600


Antes de mais, tenho justificar aqui algumas coisas:

Quero anunciar que a minha estimada amiga e vossa escritora Carolina Gameiro decidiu abandonar o blog por motivos pessoais para seguir outros projectos. Ela agradece todo o apoio que lhe deram e e eu agradeço tudo o que ela fez pelo blog, voltando aqui a dizer que ela será sempre bem-vinda de volta quando quiser regressar.

Quero anunciar que consegui três contratações para p blog. Mais três escritores decidiram entrar no blog e desabafarem convosco. Eles são:

_ João Gomes - Meu irmão mais novo e com um tipo de escrita mais moderna. E também aqui vem mostrar que talento para a escrita é de família,

_ Edite Ulanowicz - Escritora polaca, com alguma fama no seu país e aqui decidiu aventurar-se. Conheci-la num site de aprendizagem de línguas, onde ela está a aprender português e eu andava a treinar francês. Os textos dela serão provavelmente em português, mas poderão haver alguns em inglês e até mesmo em polaco.

_ Edgar Carvalho - Este senhor já se apresentou aqui mas eu re.apresento-lo: é uma das pessoas por quem tenho mais consideração e um dos meus amigos mais próximos de faculdade. Partilhamos ambos o dom da escrita e apesar de ele ter um tipo de escrita invulgar, normalmente ele consegue cativar os leitores com as suas palavras.

Bem-vindos aos três e espero que juntos façamos o blog cada vez melhor e o levemos cada vez mais longe.

Posto isto.... Mil e Seiscentas Visualizações... 1.600....
Parece que foi ontem que comecei o blog mas não. Foi há quase 6 meses. E cresceu rapidamente. Mais rapidamente do que eu esperava.

E por isso, agradeço-vos, a vós leitores, que aqui nos acompanham nas nossas (des)aventuras e histórias que vos partilhamos, carregadas de sentimentos e emoções, onde muitas vezes vocês se identificam e esperamos continuar a fazer o mesmo e melhor, para correspondermos às vossas expectativas.

Até lá, uma palavra de apreço não chega, mas é tudo o que tenho para vos dar.
OBRIGADO.

Señorita


As palavras que nunca te diria são estas mesmas que aqui escrevo.
Sei que não lerás este pequeno pedaço de papel mas que quero que saibas que aqui entrego um pouco da minha alma na pequena esperança que tu pelo menos cedas à tua curiosidade e vislumbres um pouco do meu coração.

Quando trocámos olhares em Espanha, não sei se fui influenciado pela decoração da sala onde estávamos mas senti que o tempo tinha voltado atrás e estava numa sala do século XIX algures na corte inglesa. ao som dos violinos que tocavam pela rádio que deixavas atrás de ti tocar.

Tinha ido a Madrid em trabalho mas naquele momento, me teria dado um enorme prazer se te tivesse convidado para uma valsa a dois. Mas não podia.
Não era certo. Queria tanto poder ter um momento contigo.

Não, minto: Queria te apenas uma fracção de momento contigo, em que por muito pequeno que fosse, eu te mostrava todo um infinito de sentimentos que nunca esperaste sentir, ter e saborear.
Mas estava em trabalho e sendo assim, tive de me contentar apenas com a tua imagem.

É uma bela imagem mas estava mesmo em trabalho e me arrastaram para longe de ti e não pude demonstrar o que te queria oferecer.
Mas o tempo passa e aqui vamos, separados por rios e terras que nunca antes nos atrevemos a pisar.

Mas se for preciso, eu peregrinarei de volta para ti. Alugo um barco a remos e remarei.
Remarei Tejo acima e caminharei o resto do caminho. Farei todo esse esforço apenas para te perguntar se terias interesse em dar-me a honra da tua presença num jantar a dois algures por Espanha.

Apenas indo eu vestido a rigor mas enfeitado de inocência e delicadeza. Porque quererei que a noite seja perfeita e o jantar também. Quanto a ti, ambos sabemos que já o és.

Espero que me permitas observar um pequeno vislumbra da tua alma, numa nossa noite ao luar, enquanto estivermos a sós a dançar.

Que me dizes, mylady?

Olá! Me llamo Ed Kross e me encanta las cabras, los globos y la sopa.


Numa palavra? Fantástico.
Numa frase? O melhor do mundo.


Não sou nada disso, mas sou bom. Bom a cortar as unhas. A minha avó, uma vez, disse "Pareces talhante!". Fiquei com lágrimas nos olhos, mas isso era porque tinha cortado mais do que era suposto. Ela não gostava muito de talhantes.

Chamo-me Edgar, mas senti que devia de ter um nome de guerra neste tipo de coisas, pensei em Artur Albarran "O drama, a tragédia, o horror", mas era muito careca. Algo que não se afigura comigo. Depois pensei e se for um nome estrangeiro? Decidi por Ed diminutivo de Edgar e Kross. "Porquê Kross?"  Porque tinha jeito para as palavras cruzadas. Sempre que abria qualquer jornal elas lá estavam. Não sei se era magia ou talento, mas era a primeira coisa que encontrava.

Conheço o Filipe há muito tempo, apesar de não falarmos muito ultimamente, fruto da distância, propus uma proposta completamente recusável. O que ele faz? Aceita. Fodasse! Não dá para voltar atrás?

Brincadeiras de lado, agradeço imenso a oportunidade que o meu amigo me deu de poder escrever algo estúpido sobre algo espectacular, Quer dizer não é bem neste sentido. O espectacular é só para alguns e depende da hora.

Entretanto vou acabar este texto porque tenho de cortar as unhas. Já disse que era bom nisso? 

sábado, 16 de janeiro de 2016

Bebedeira




Chega!
Fartei-me de estar em casa a remoer as feridas.
Apesar de tomar antidepressivos, continuas a fazer mossa por dentro.

Farto de remoer os sentimentos.
Farto de abrir as feridas e de as ver lentamente cicatrizarem-se.
Demasiado lentamente.

Por vezes, nas pequenas coisas te revejo.
Por vezes, eu próprio te vejo no espelho.
Espelho fora e partido em múltiplos pedaços.

Pedaços que me acabam por cortar a pele.
Mesmo a sangrar, vou para a cozinha.
Abro a garrafa de whisky que prometemos beber quando morássemos juntos.

E pego num copo e verto a bebida.
Abro a porta do congelador e arranco pedaços de gelo que se acumulam por lá.
Pintando o seu interior de pequenas gotas vermelhas.

Junto o gelo ao copo e sento-me no chão.
No canto mais escuro e frio da cozinha.
De luz apagada e janela aberta, deixando o vento gélido entrar e me aquecer.

Levo o copo à boca e engulo o sabor amargo da bebida.
Misturada com o sangue que ainda escorre dos meus pulsos.
Mas não me consigo importar menos comigo mesmo.

Sofro, sofri, sofrerei.
Para onde olhe, consigo ver algo que me recorde de ti.
Mesmo que tenha seguido em frente, parte de mim sente a tua falta.

E olhando para o fundo do copo vazio.
Relembro-me do fim da nossa relação.
E atiro o copo com força contra a parede e grito.

O copo estilhaça-se todo, deixando vermelho e castanho na parede.
Pego na garrafa e bebo directamente.
Não devia beber, não costumo beber mas preciso de o fazer.

Nunca me embebedei.
E tenho medo de o fazer sozinho.
Não conheço limites ao meu corpo.

Mas que se fod*!
Mereço saborear essa dor amarga.
Levo uma e mais uma vez a garrafa aos lábios.

Sinto o ardor que a bebida provoca no peito.
Mas dizem que o que arde cura.
E volto a emborcar.

Sinto-me zonzo.
Oiço fogo-de-artifício.
Feliz Ano Novo, penso eu.

Mas será o primeiro ano sem ti.
E os foguetes ecoam na minha cabeça.
Sem forças, a garrafa escorrega da minha mão.

E transforma-se num tapete.
Fecho a janela e fecho os olhos enquanto me viro.
Acabo por pisar metade da garrafa partida.

Agarro o pé e acabo por me desequilibrar.
Batendo de cabeça na mesa de mármore e parando no chão.
E ali fico de olhos abertos.

Entre vidros, poça de álcool e sangue.
Devia chamar o 112.
Mas não sinto nem força nem necessidade de me levantar.

E ali me deixo ficar.
Enquanto sinto os olhos a fechar.
Feliz Ano Novo.

Nova resolução: não tocar mais na bebida sozinho.
Agora vou dormir.
Até amanhã . . . Se acordar . .

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Aspirina


Não consigo dormir. Mentira, eu corrijo: Durmo meia noite, pautado por intervalos de períodos acordado, sem conseguir voltar para o mítico prado onde conta as ovelhas que galgam os troncos de madeira. Enfim, nenhuma novidade, tendo em conta a vida que levo.

Acumulo stress no trabalho à medida que formam-se torres de papel para fotocopiar e multiplicar, digitalizar,arrumar e destruir. E volta e meia, alguém abre a janela ou a porta de repente e vai tudo ao chão, tal e qual um castelo de cartas. Acabo por suspirar e me ajoelhar no chão e lá apanho todas as folhas, uma a uma, separando-las e refazendo de novo as mesmas torres que antes erguera para me facilitar. 

Chego a casa exausto e com o trabalho por acabar. Amigos ligam-me para dar uma volta e socializar mas estou a dormir (dormir dormir ou a dormir acordado. Fará mesmo diferença?). Acordo para jantar e nenhum apetite tenho. Duas ou três trincadelas e volto para o quarto, onde finalmente vejo as chamadas perdidas. Decido pedir desculpa a todos e vou dormir, que amanhã terei de acordar cedo.

Acordo às 2h, 3h ou 4h da manhã e mais não durmo. Sinto-me cansado mas sem forças para me obrigar a dormir. E lá observo o tecto escuro do meu quarto com dores de cabeça. Até que ele se abrilhanta de branco. Olho para o lado e vejo o telemóvel a brilhar com uma nova mensagem, como se fosse uma luz no fim de um túnel.

"Olá", dizes tu. E esse olá era o que eu precisava. De um texto teu, de uma frase tua. Falámos um pouco até ires dormir. Não sei se também estás stressada ou tens insónias, mas ainda bem que fui o escolhido como destinatário das tuas palavras. 

Largo o telemóvel, sabendo que só falta uma hora para me levantar. Mas sorrio.
Sorrio porque me mandaste mensagem de boa noite. Para mim, funcionou que nem uma aspirina. Acalmou-me e espantou as dores que tinha.

Serás a minha aspirina? Ou serás tu a minha farmacêutica? Seja como for, talvez fosse isso que eu precisasse para descansar. Uma hora não é muito mas uma hora enfeitada pelas tuas palavras leva-me a virar a almofada ao contrário, aconchegar-me nos lençóis e dormir o sono que há muito eu desejava obter.

Boa noite, bons sonhos e até ao toque do despertador soar.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Falhado & Falhas


Deve acontecer muito convosco.
Comigo é razoavelmente frequente.
Chegamos a casa exaustos, frustrados e zangados.
Fisicamente e Psicologicamente.

Só apetece nos deitar debaixo dos lençóis e adormecer a chorar.
Mas recuso-me a ceder.
Decido distrair-me da minha rotina triste
E vejo as novidades nas redes sociais.

Tretas, tretas e mais tretas.
Nada de interessante.
Então abro o youtube e vejo que há novas compilações.
Compilações de azares e desgraças de outras pessoas.

Outras pessoas tão ou mais azaradas quanto eu.
E rio-me.
Sinto-me melhor com a desgraça dos outros.
Apesar da maioria das situações que vejo já me terem acontecido.

Trazem-me tantas recordações do meu passado.
Mas rio-me na mesma.
E por pequenos momentos.
Sinto que a minha vida não é assim tão patética.

Pelo menos não tão patética quanto eu julgava.
Nem azarada.
Pois existem mais seres humanos piores que eu.
Mas assim que chego ao fim do video...

Relembro-me da minha existência.
E do meu mau dia que tive.
Então, clico em seguinte e vejo outro video.
E outro e outro e outro...

Até ir jantar e/ou até ir dormir.
Esquecendo o dia horrível que tive.
E o provável pior dia que amanhã me esperará.
Mas até lá, mais um video irei visionar.

Como aquele ali em cima que vos coloquei.
Apreciem. E mais vale rir do que chorar.

domingo, 10 de janeiro de 2016

1500




Quinze centenas de visualizações e ainda vamos a meio de Janeiro...

Gostava de adivinhar quantas visualizações terá o blog no seu primeiro aniversário, em Agosto mas por enquanto, só posso falar de números certos e o número de hoje é mil e quinhentos (1.500).

Obrigado pessoal, por chegarmos a mais um marco e com o vosso apoio, esperamos chegar rapidamente a mais outro.

Quem sabe se daqui a quinhentas visualizações não terei mais uma surpresa...

Obrigado pelo vosso apoio.

Beijinhos e Abraços,
Até à próxima,
Filipe

sábado, 9 de janeiro de 2016

Pontes de Tempos


Viva pessoal.

Finalmente tive tempo para escrever um pouco.
Este texto até tinha sido solicitado para outros objectivos mas como já não será usado nesse objectivo inicial, posso aqui partilhar convosco. 
Espero que gostem.


"Mudam-se Os Tempos, Movem-se As Pontes"
Tudo começou bem.

Aos poucos foi-se construindo.
Tudo o que ela tem.
A ele lhe foi iludindo.

Quis ele até ela chegar.
Pouco a pouco deixou-se apaixonar.
Tomou a iniciativa de a primeira viga erguer.
E ela lá se ia deixando ceder.

Mas com os tempos a mudar.
Ele não estava a perceber.
Ela estava a deixar de o amar.
E as pontes estavam-se a mover.

Ele bem a tentou recuperar.
A tentou convencer.
Mas ela já se estava a afastar.
Deixando a ponte entre eles ceder.

O tempo tinha mudado.
Estava agora a chover.
O romance tinha acabado.
E ele estava a sofrer.

A ponte tinha-se movido.
Mas ele estava parado.
Ele podia ter corrido.
Mas estava de coração despedaçado.

Apesar de o tempo mudar.
Outras pontes se iam movendo.
Ele tinha de se levantar.
E para outra ponte ir correndo.

E mesmo de coração aberto.
Nova ponte pôs-se a atravessar.
Ele sabia que era certo.
Mesmo que uma eternidade fosse demorar.

Fizesse chuva ou não.
Estivesse Sol ou a anoitecer.
Ele queria curar a dor de coração.
Ele queria a “tal” conhecer.

Ele decidiu o tempo mudar.
Embora a ponte se esteja a mover.
Ele decidiu voltar a se apaixonar.
E arriscar voltar a sofrer.


segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

1400


Eu sei, eu sei.
Vim tarde demais.

Mas nunca é tarde para regressar.
Portanto...

Bom dia pessoal.
Antes demais, tenho novidades em relação ao livro.
Já está a parte estética do livro tratada.
Agora, só falta corrigir alguns capítulos e dará entrada na edição e produção final.

Posto isto, obrigado pelas mil e quatrocentas visualizações.
E como "recompensa" por este objectivo cumprido, decidi criar uma página de facebook do blog.

Aqui fica o link:
https://www.facebook.com/memoriasdeumasombra

Assim, poderão mostrar mais o vosso apoio, comentar os textos e acompanharem as últimas do blog.
Despeço-me assim de vós.
Tenham um óptimo ano.

Beijos e Abraços.
Filipe Gomes


sábado, 2 de janeiro de 2016

Carta (Des)Enterrada


Decidi hoje fazer algo que não faço com tanta antecedência quanto devia.
Já andava a adiar isto há muito tempo.
E hoje obriguei-me a fazê-lo.

Decidi arrumar e reorganizar o meu quarto.
Para quem me conhece, sabe que tenho o quarto meio arrumado.
Porquê meio? Porque tudo o que uso e que planeio ainda usar, fica nas prateleiras à mostra, sem ordem aparente.
Mas pronto, decidi livrar-me do que já não iria usar este ano.
Papéis rasgados e escritos e rescritos, cartões, cadernos, livros rasgados e desfeitos com páginas em falta.
Ofereço objectos ao meu irmão mais novo, para que ele possa também ter parte da sua infância, como eu a tive.

E assim, fui reorganizando tudo.
Limpando prateleiras e apanhando o lixo, desfazendo-me do que não é essencial.
E estava prestes a concluir, quando deparei-me com algo muito semelhante à imagem.
Escondido entre livros e apontamentos, estava lá.

Uma pequena garrafa de plástico que tinha uma carta.
Uma carta datada de 29 de Julho de 2014 e assinada por mim.
Endereçada a ... mim. Ao "eu" de 2015.
Mas cheguei tarde à carta e apenas a vi hoje.

Não vou escrever vinte e quatro linhas de texto mas vou-vos fazer um resumo:

"Bom dia Filipe (digo bom dia porque o dia tem vinte e quatro horas e assim nunca erro).
Escrevo-te esta carta sem saber o futuro e espero não remexer em feridas (passadas ou futuras) mas é com inocência que te escrevo. Espero que as coisas entre ti e a Márcia estejam muito bem. Não digam que estejam casados mas que estejam noivos ou algo próximo disso.
(...)
Nesta altura, deverás estar a meio do teu primeiro emprego. Espero que esteja a correr bem e que estejas a juntar dinheiro suficiente para atingires os teus objectivos. De teres uma casa, um carro e tudo o que seja necessário para seres feliz.
(...)
Espero que aquela maluca da terra vizinha não te tenha chateado mais e que finalmente te tenha deixado seguir em frente.
(...)
Não sei se tens um plano de vida definido ou se continuas ao sabor do vento mas gostava que quando estivesses a ler isto, já tenhas alguns objectivos estipulados e talvez cumprido outros.
(...)
Bem, espero que consigas direccionar a nossa vida no caminho certo.
Abraços, Filipe Gomes de 22 anos".

Bem, já não estou com essa rapariga. As coisas não correram como planeado e talvez seja por causa disso que este blog tenha nascido. Para descarregar a dor e mágoas aqui.
Mas tudo acontece por uma razão e se não correu bem, é porque a mulher certa está por aí algures. Apenas tenho de manter os olhos abertos.

Nesta altura, não estou a meio do primeiro emprego. Acabei o meu estágio e assinei contrato com a terceira empresa que tentei. Sempre que disseram que à terceira era de vez. Pelos vistos, tinham razão. Gosto do meu emprego, fica numa boa zona de Lisboa (Baixa-Chiado) e tenho tempo e dinheiro para fazer o quiser. E como referi noutro texto do blog, planeio sair de casa este ano de 2016 e ir morar sozinho (ou com amigos). Portanto, aí vou bem-encaminhado.

Em relação à outra maluca, ela esteve afastada durante meses mas quando fiquei solteiro, ela reapareceu para voltar a torturar-me. Mas julgo que me consigo manter afastado dela, possivelmente definitivamente. Apesar dela por vezes ligar, já não ligo muito ao que ela diz e muitas vezes ignoro as chamadas e mensagens dela.

Plano de vida... Tinhas um mas envolvia ela passada. Agora tenho outro: ser feliz. Para isso, basta fazer duas coisas:
1 - Tratar todos como eu gostava de ser tratado.
2 - Sentir-me bem e feliz com as pequenas coisas, pois isso atrairá mais boas coisas e melhores. Eventualmente, poderá atrair mais boas pessoas.
E tudo isso, me fará feliz.
Ver os outros felizes e fazer o que me faz feliz. Apenas isso.

Portanto, seguindo esse caminho longo mas alegre, haverei de encontrar a felicidade que tanto me ilude e encontrarei pessoas dispostas a percorrerem esse mesmo caminho comigo.
E essas pessoas terão um nome para mim: Família.

Sejam elas amigos(as), família mesmo ou até mesmo, a mulher que queira fazer o mesmo caminho comigo, de mão dada e com um sorriso na cara.
Ser feliz.... Haverei de lá chegar.... Um dia...

Obrigado pelas memórias, Filipe de 2014.
Espero voltar a saber de ti em breve.
Abraço forte e sê tu também feliz, sem nunca te esqueceres de fazer os outros felizes.
Feliz Ano Novo para ti e para os teus.