Quando todos os dias, passa aquela grande porta dividida em duas, que separa o mundo de Deus e a realidade terrestre, deixa de ser a Francisca devota da coscuvilhice num banco de jardim e torna-se Sr. D. Francisca a mais devota da Igreja Católica, que não perde nenhuma oportunidade para entrar em contacto com Deus que, diz ela, a tem em grande consideração e já tem um lugar reservado para a sua alma santa, perto do seu trono onde comanda todos os terrestres, que com uma excepção marcada na sua pessoa, não passam de uns pecadores que estão destinados a ficar presos entre dois mundos, arrastando as suas correntes.
O que ela esquece quando interioriza a personagem de mulher santa e perfeita é que o seu querido Deus vê quando ela está na casa da melhor amiga, metida com o marido da companheira religiosa, que também vê quando ela deseja mal aos outros ou quando passa horas a falar mal e a querer saber tudo o que se passa na vida dos seus vizinhos. "Não preciso de me confessar", diz ela, pensando que sendo uma pessoa da Igreja é uma santa.
Casou-se por motivos externos - dinheiro - ambicionava ter uma grande casa e muitas posses para se poder afirmar perante os outros. Quando lhe pedem ajuda, diz não ser mãe de ninguém.
Segundo a sua pessoa, tudo o que tem foi obra de Deus e ela não pode ser responsável por nada, claro que com excepção das coisas "boas" que diz fazer, às vezes sem chegar a fazer, pelos outros, aí já é porque é possuidora de um enorme coração.
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