terça-feira, 4 de abril de 2017

Gaveta Fechada

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Bom dia linda. Bem, para saberes que realmente és tu, vou chamar-te Margarida. Porquê esse nome? Porque era o nome que teria neste momento se tivesse nascido rapariga e porque quando falo contigo, sinto que estou a falar comigo. Que estou a falar com um pedaço de alma meu que não me pertence mas que me é igual, que me completa, que me revejo nele.

Bem Margarida, tenho palavras para te dizer, mas sei que mal tens tempo para ler, portanto tentarei ser breve mas directo, e acima de tudo, honesto e sincero, como tu mereces e como sempre o fui para ti.

Aqui vai:

Já nos conhecemos a algum tempo. Sinto que nos sentimos há pouco tempo mas que já nos conhecemos há mais que isso. Ou que nos conhecemos há muito tempo mas a cada dia que passa vamos descobrindo algo de novo sobre um e outro. Acho que o tempo não é uma boa medida de avaliação para o que te quero dizer.

Em vez disso Margarida, vou usar as tuas palavras.
Sabes que podes confiar em mim, que sempre fui honesto e frontal e sabes mais coisas sobre mim do que muitos dos meus amigos. Confio em ti ao ponto de ter convidado a sair num encontro (sim, com essas palavras) e tu teres aceitado, sabendo que eu iria ter contigo, estivesses onde estivesses. 

Mas ultimamente tens-me guardado numa gaveta fechada. Não tenho uma luz tua, uma mensagem, uma palavra carinhosa, uma letra até. Silêncio e vento é o que tenho de ti. 
Magoa mas acaba por passar assim que abres a gaveta e me deixas respirar e absorver o teu olhar e a doce melodia que é a tua voz e o teu sotaque. Sim, já te disse o quanto adoro o teu sotaque?

Mas já há algum tempo me vejo envolto no escuro, sem saber se algum dia voltarás ao quarto, debruçares-te sobre a mesinha de cabeceira e, acendendo a luz, me retirarás da gaveta e me colocarás a teu lado, no teu bolso, na tua mão ou mesmo frente a ti. Aí, não me importarei que a luz se apague. Porque mesmo que esteja tudo desligado, o teu brilho no olhar é luz suficiente para me aquecer o coração.

Retira-me da gaveta e decide se me queres contigo ou se me deitarás fora. Mas não me deixes ao escuro.
Tenho saudades tuas mas não posso ficar aqui fechado, no silêncio e ao escuro tanto tempo.
Se me queres, vem-me buscar.
Apressa-te, a madeira da gaveta está a ceder da humidade que causo com a tristeza do meu olhar e da solidão da tua ausência.
E pouco a pouco, vou poder escapar.

Mas eu te quero. Vem-me buscar.
Não por favor mas sim por amizade?
Ou talvez, até mesmo por . . . amor?

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