O patamar das três mil e novecentas visualizações.
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Por hoje é tudo.
Obrigado e divirtam-se por aqui.
Beijos e Abraços, Da Vossa Sombra Preferida, Filipe Gomes
Sou veneno. É a melhor descrição que posso fazer de mim. Afasto todas as mulheres e magoo-as antes que me possam magoar.
Ataco primeiro antes de ser atacado.
Sabem o que muitos de vós têm em comum comigo? O gosto e prazer pelo chocolate.
Mas o que não têm em comum comigo é o veneno. O veneno que me corre nas veias.
Logo podemos dizer que sou um chocolate envenenado. Podem não acreditar mas eu explico-vos porquê.
Simplesmente, qualquer mulher que tento adoçar, tem o péssimo hábito de se sentir indisposta, sair e nunca mais me voltar a falar. A culpa até pode ser minha.
Eu até prefiro acreditar nisso. Quer dizer, gostava de acreditar nisso. Mas não tenho prova de tal.
Uma testemunha diz que sou um pouco bruto a falar.
Tentei melhorar e ser mais meigo para com a mulher seguinte. Mas o resultado é o mesmo.
Quanto mais me aproximo, mais ela se afasta.
Fui eu, mudei, alterei, transformei, cedi, obriguei, bati, torturei, fiz tudo e mais alguma coisa a mim mesmo mas o resultado é igual.
Chega a uma certa altura e a mulher desaparece. Se calhar o problema não sou eu.
Se calhar estou a pensar ao contrário.
A culpa pode não ser minha mas da mulher em causa.
Se calhar é porque ela acaba por se revelar uma cadela. Daí quando ofereço parte de mim, um pequeno pedaço de chocolate, actua na barriga dela como veneno e assim justifica o facto de ir morrer longe.
Morrer ou sobreviver, tendo noção que sou venenoso, um chocolate que nenhuma cadela pode cheirar, tocar ou provar.
Sendo assim, tenho de repensar no que ofereço e provocar com calma, não uma cadela ou uma fera mas sim uma mulher.
Pode ser doce ou picante, alta ou baixa, oh pah, foda-se, é-me igual.
Só peço três coisas a qualquer mulher que me aguente ou queira aguentar:
Respeito, Honestidade e Fidelidade. Isto tudo, resume-se com uma palavra apenas: Confiança.
Se uma mulher confiar em mim, terá tudo o que poderei dar:
Tempo, palavras, pensamentos, actos e eu, principalmente eu.
Posso ser eu um pessimista e andar meio triste e cabisbaixo normalmente, mas se tu quiseres confiar em mim e caminhar ao meu lado, posso-te prometer quatro coisas diárias:
Um sorriso, um piscar de olho, um elogio ou piropo meu e um amo-te dito e demonstrado.
Fico à tua espera e espero que gostes de chocolate.
Anos passaram. Nem parece que foi ontem. Nem me lembro de quando foi exactamente. Sei que foram anos e anos fechado numa sala escura a cumprir pena pelos meus crimes. Mas acabei por sair em liberdade por bom comportamento. Não esperava esse desfecho. Jurara que era o fim, que dali só sairia dentro de um saco preto. Ou que servisse de alimento aos bichos da terra....
Da terra eu vim e à terra eu regressarei. Mas andei livre. Nunca me tinha sentido tão... vivo, tão liberto das correntes que tinha, tão... feliz. Mas durou pouco e voltaram os meus demónios a apoderarem-se de mim e a condenarem-me uma segunda vez.
Desta vez, a leitura foi diferente. Desta vez, fui condenado à morte. Morte à francesa. Como a culpa é da minha cabeça, o mais lógico é desfazer-me dela. Posso recorrer mas não sei quanto tempo demorará o recurso a ter sucesso. E enquanto anda e não anda, eu lá ando a caminho do instrumento que me perdoará este pecado que não resisti em cometer.
Lá caminho de queixo para baixo em direcção à guilhotina que existe em praça central. Execução pública? Não sei. Preferia que fosse uma morte rápida e sem dor. Mas julgando pela ferrugem da lâmina, não terei essa sorte. Mantenho então o olhar para baixo, para os meus sapatos que precisam de graxa, para evitar confrontar olhares dos curiosos e injúrias da plebe pela qual me rodeio.
A lâmina já mostra alguma ferrugem, o que sugere que vai doer. Dor, preocupação pequena para o mal maior que me espera. E aqui vou subindo as escadas e cada vez mais me aproximo deste instrumento. Ainda se nota marcas na lâmina do último pecador que por aqui passou. A lâmina é cega, tal como a justiça e para o que te fiz passar, mereço este destino.
Conformado? Não. Apenas tento não pensar nisso, Sei que no passado foi a primeira vez que dobrava as regras para meu prazer. Desta vez, sinto-me tão à vontade que arrisco-me a partir qualquer regra e norma para só para obter o que já tive e até mais. Não sei bem se é isso que queria mas sei que gostava de aproveitar este pequeno tempo que tenho.
Gostava de voltar a despir os preconceitos e ignorar os avisos e regras e entregar-me ao crime. Não basta ter a fama. Se é assim, também quero ter o proveito. E enquanto coloco-me de joelhos e vejo a lâmina a subir, só penso em ter mais uma vez. Ter aquilo que deixei escapar anteriormente e não pude totalmente saborear. E agora que é maduro, só poderia traduzir-se num enorme banquete.
Será que vou tarde? Talvez. Será que vou sair daqui e tentar obter aquilo que os meus demónios me pedem? Provavelmente não. O mais provável é nada dizer e relutantemente apoiar a minha cabeça no repouso e deixar-me ser trancado e esperar que venhas impedir-me que cortem a corda e que a lâmina me coloque um ponto final na minha dor...
Mas muitos não sabem de onde veio este pequeno dom que tenho para pegar nas letras e formar os sons mais sentimentais que possam escutar com o coração.
Desde muito pequeno que não tinha muita aptidão física: não sabia jogar futebol ou correr. Assemelhava-me mais a uma Bola de Berlim em aspecto, o que justificava muito a minha inabilidade desportiva. Ainda hoje confrontado com uma bola, pouco mais sei fazer do que pontapé para a frente e esperar pelo melhor.
Tendo eu os meus tenros doze anos quando recebi o meu primeiro computador. Tinha o sistema operativo Windows95 (lembram-se? Provavelmente não mas ainda sou e serei dessa geração), não tinha jogos nem tão pouco a Internet.
Para ser honesto, nem eu sonhava com a existência deste mundo maravilhoso que é a autoestrada digital da informação por onde cada um de nós passa os seus dias.
Sinto-me um velho porque me dá a sensação que os miúdos de hoje em dia nascem já formatados para usar tablets, smarthphones, iphones e tantas outras engenhocas e fazer tudo e mais alguma coisa com eles, enquanto eu perco o meu tempo procurando onde se encontra o botão para ligar qualquer um desses dispositivos.
Bem, continuando: uma vez que não tinha jogos, o computador servia apenas para trabalhos escolares. Até que descobri que podia usá-lo para algo mais do que escrever composições sobre as minhas férias de Verão ou como nasceu Portugal. Também tinha o paint, que me ajudou a ser um artista sem grande talento mas eram horas e horas a fazer pinturas abstractas que me deixavam satisfeito. Era um moço simples e ainda o sou.
Hoje em dia, tenho a Internet, vida social (limitada mas existente), jogo ligeiramente melhor futebol e trabalho. Mas ainda recorro ao Microsoft Word ou até mesmo ao papel e caneta e escrevo. Sempre gostei do fazer. De falar de coisas que vi, que não percebia mas interpretava à minha maneira e desabafava, como se contasse o meu dia-a-dia ao computador, como se fosse pelo Word a maneira de comunicar com ele, na esperança de me responder um dia.
Nunca respondeu e o meu irmão deu cabo dele. Mas ainda hoje, após tantos anos, mantenho este pequeno gosto, este vício e desejo que me consome e me deixa satisfeito e feliz. Provavelmente deve ser a única arte que tenho jeito mas ainda bem, pois eu adoro escrever.
Já vos contei que sou romântico e o facto de saber escrever, rimar, usar as palavras e torná-las belas, enfeitando-as com sentimentos para poder deixar quem gostava com um suspiro e um batimento acelerado. Mas para isso nunca foi preciso muito usar palavras, pois qualquer rapariga é bonita à sua maneira e apenas só tinha de chegar à mulher que gostava e lhe relembrar disso, tentado dar-lhe a imagem certa dela pela escrita, como se fosse um espelho falante.
Admito que pouco sucesso tive com a escrita em tentar seduzir e namorar raparigas. O que levanta a questão: "Então porquê continuo a escrever se pouco me serve?". Bem, pode não servir para seduzir alguma rapariga mas lá no fundo, sinto que a minha escrita seduzirá a mulher certa. E até lá, vou escrevendo para todos vós.
Não sou egoísta. Apenas sou chato. E ainda bem que existe Internet, pois ao fim ao cabo, escrevo para mim e para vós, para poder partilhar os meus sucessos e insucessos convosco e poder partilhar este pequeno talento com todos vós.
Obrigado pelas visitas todas e obrigado por gostarem da minha (e nossa) escrita.
Beijos e Abraços de uma das vossas Sombras favoritas.
E mais uma vez, Obrigado pelo vosso apoio e sugestões.